Segundo Reinado: 1840-1888
Institucionalização Produção científica
1840 Criada no Colégio D. Pedro II do Rio de Janeiro a cadeira de Alemão, a primeira no país, cujo titular era o barão de Planitz. 1840 Sob os auspícios do imperador da Áustria e o rei da Baviera, convencidos por Metternich, é publicado em Munique o primeiro fascículo da Flora Brasiliensis por Von Martius, auxiliado por Endlicher. A partir de 1850, publicados nove fascículos, obteve de D. Pedro II subvenção que continuou até o último fascículo, de 1906. Ao todo foram 130 fascículos em quarenta volumes m folio, com mais ou menos 20 mil espécies (6 mil novas) e 3 mil estampas. Colaboraram 65 botânicos de diversos países.
1840-84 Fixa residência no Brasil o médico-botânico Regnell, de origem sueca, realizando trabalhos em botânica e subvencionando a vinda de diversos botânicos, entre eles Löfgren. Após sua morte, os Fundos Regneilianos garantem a continuidade da vinda de cientistas, entre eles Lindman e Malme.
1841 Primeira modificação dos estatutos do Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro, mudando seu plano de estudos e fixando em sete anos o curso completo, com latim nos sete e grego nos últimos quatro. 1841 O geólogo francês A. Pissis apresenta, após viagem ao Brasil, uma memória com mapa geológico, cuja preocupação primordial são os movimentos orogênicos, que serviria de base para a obra volumosa de Emanuel Liais, diretor do Observatório Nacional, denominada Géologie, publicada em 1872.
1842 Primeira reforma do Museu Nacional, sob direção de Alves Serrão, criando quatro seções: Mineralogia, Geologia e Ciências Físicas; Anatomia Comparada e Zoologia; Botânica, Agricultura e Artes Mecânicas; Numismática, Artes Liberais, Arqueologia, Usos e Costumes das Nações Antigas e Modernas. Previa-se para cada seção um curso anual dado pelo seu diretor. Os efeitos da reforma, no entanto, foram reduzidos e de muito curta duração. 1842-43 O príncipe Adalberto da Prússia, trazendo entre outros o conde de Bismarck, realiza excursões pelo país, cujos resultados, com gravuras e mapas, aparecem publicados em Berlim quatro anos depois, em forma de diário.
Barker e Morais Sarmento realizam no litoral de Pernambuco uma série de observações meteorológicas sobre as chuvas.
1842-48 Gardner, botânico inglês, tendo estado aqui entre 1837 e 1841, publica no London Journal of Botany, dirigido por Hooker suas “Contributions towards a Flora of Brasil”
Reforma da Escola Militar, facultando um curso de Engenharia Civil, com curso completo de sete anos. Ficou instituída também a prática de defesa de tese para obtenção do grau de doutor. 1843-47 Grande expedição geográfica francesa, chefiada por Francis Casteinau, no Brasil central e ocidental. Relato da viagem com base no abundante material reunido por Émile Déville, naturalista-colecionador da expedição, publicado sob título Expédition dans les Parties Centroles de 1'Amérique du Sud, além de monografias à parte.
1845 Cristiano Benedito Ottoni, num opúsculo intitulado Juízo Crítico sobre o Compêndio de Geometria Adotado pela Academia de Marinha do Rio de Janeiro, critica a obra de Francisco Vilela Barbosa.
Publicados pela Tipografia Nacional no Rio de Janeiro os Elementos de Astronomia e Geodésia, de José Saturnino da Costa Pereira (1773-1863), da Academia Real Militar.
1846 Decreto imperial dá ao Observatório Astronômico do Rio de Janeiro o nome de Imperial Observatório do Rio de Janeiro, transferindo-o para o Ministério da Guerra e atribuindo-lhe um regimento definitivo. Soulier de Sauve, lente da Academia Real Militar, é nomeado para cuidar de sua organização. Para tal, é mandado concluir o torreão da Academia, a ele destinado. 1846 Publicada a Carta Chorographica do Império do Brasil, da autoria de Conrado Jacob de Niemeyer.
1847 Publicado somente neste ano o Diário de uma Viagem Mineralógica pela Província de São Paulo no Ano de 1805, da autoria de Martim Francisco Ribeiro de Andrada, inspetor de minas e matas da capitania de São Paulo e irmão de José Bonifácio. Do mesmo autor, Jornais das Viagens de 1803 a 1804.
1847-1912 O botânico alemão Theodor Peckolt fixa residência no Rio de Janeiro. De sua biografia constam 124 itens de trabalhos publicados aqui e no exterior. É autor de Análise de Matéria Médica Brasileira (1868) e História das Plantas Medicinais e Úteis do Brasil.
1848 O Gabinete de Física da Escola de Medicina do Rio começa a adquirir os .primeiros aparelhos, com auxílio de verba modestíssima. 1848 Joaquim Gomes de Sousa (1829-63) apresenta à Escola Militar (Escola Politécnica) sua tese Dissertação sobre o Modo de Indagar Novos Astros sem Auxílio das Observações Diretas, talvez a única de certa originalidade na época, visivelmente influenciada pela descoberta, dois anos antes, de Netuno, a partir dos cálculos de Leverrier.
Começam a aparecer as primeiras dissertações para o doutoramento pela Escola Militar, posteriormente Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em função do regulamento de 1842, que insistiu nesta prática. Com um Compêndio de Montanistica e Metallurgia, o diretor do Museu Nacional e químico Frederico Leopoldo César Burlamaqui inicia a publicação de monografias demonstrando as vantagens da exploração de certos sais e minerais. Seguem Riquesas mineraes do Brasil (1850), Memória sobre o Salitre, a Soda e a Potassa (1851), Manual dos Agentes Fertilizadores (1858), Arte de Fabricar o Vinho (1861) e inúmeros artigos no Auxiliador da Indústria Nacional, de que foi redator único a partir de 1854.
1848-59 Presença no Brasil do naturalista Henry Walter Bates, chegado de Liverpool, para exploração do Amazonas. Como resultado publica Um Naturalista no Rio Amazonas. Em função de suas observações, descreve pela primeira vez o mecanismo do mimetismo. Junto com ele, Alfred Russel Wallace, que explorou o rio Negro. Wallace voltou à Europa em 1852, tendo se perdido sua coleção em naufrágio.
1849 Otto Wucherer e John Ligertwood Paterson, com auxílio de José Francisco da Silva Lima, identificam a febre amarela na Bahia, trazida pelo navio americano "Brazil".
Presença no Brasil do botânico inglês Spruce, dedicando-se ao estudo da flora do Pará e Amazonas. Interesse especial em musgos. Publica também sobre hepáticas amazônicas, além de plantas superiores.
1850 Fundada no Rio de Janeiro a revista mensalartística, científica e literária Guanabara, sob direção de Araújo Porto Alegre, Gonçalves Dias e Manuel de Macedo. 1850 Miguel Joaquim Pereira de Sá apresenta à Escola Militar tese de doutoramento intitulada Dissertação sobre os Princípios da Estática, precedida de um pensamento de Comte. Segundo Teixeira Mendes, o primeiro vestígio da influência positivista no Brasil. A partir desta data são cada vez mais freqüentes os trabalhos de orientação positivista na Politécnica.
Joaquim Gomes de Sousa (1829-63) publica no tomo primeiro da Revista Guanabara dois trabalhos: "Resolução das Equações Numéricas" e "Exposição Sucinta de um Método de Integrar Equações Diferenciais Parciais por Integrais Definidas".
1850-52 Conferências públicas sobre química no Museu Nacional, por Francisco Ferreira de Abreu, introduzindo o uso de fórmulas e equações químicas no Brasil, seguindo a concepção de Berzelius (1779-1848).
1850-57 Aparecem em Paris os quinze volumes da obra Expedição às Regiões Centrais da América do Sul. do Rio de Janeiro a Lima e de Lima ao Pará, como resultado da exploração científica iniciada em 1842 por Francis de Casteinau, A. Weddell, Eugène d'Osery e Émile Déville.
1851 Inicio da publicação dos Annaes Meteorológicos pelo Imperial Observatório do Rio de Janeiro. Esta publicação vai até o ano 1867.
1851-55 Período em que circulou a revista Biblioteca Guanabarense, em que publicou, entre outros, o então diretor do Museu Imperial, Frederico Leopoldo César Burlamaqui.
1852 Realização do Curso Livre de Medicina Legal do Museu Nacional, por Francisco Ferreira de Abreu, introduzindo novos conhecimentos na matéria. 1852 Publicadas no Rio de Janeiro, pela Tipografia Nacional, as Ephemerides do Imperial Observatório Astronômico para o Anno de 1853, primeiro anuário astronômico publicado no Brasil, tendo os cálculos executados por Antônio Manuel de Melo, seu diretor, e Francisco Duarte Nunes, José Francisco de Castro Leal, Jerônimo Pereira de Lima Campos e Francisco de Cunha Galvão.
Duarte Ponte Ribeiro publica seu Dicionário Topográfico do Alto Amazonas. Este mesmo autor escreve até 1853, enquanto exerce importante função na Secretaria dos Negócios Estrangeiros, nada menos de 45 memórias sobre a geografia das fronteiras.
1852-54 Encarregado pelo governo imperial, o engenheiro e geógrafo Henrique Guilherme Fernando Halfeld explora o rio São Francisco de Pirapora ao oceano, resultando em relatório escrito em 1858
1852-97 Chega ao Brasil, para se fixar definitivamente, o naturalista Fritz Müller (Johann Friederich Müller), abandonando a Alemanha por motivos políticos. Aqui se estabelece como professor secundário e médico, no interior do estado de Santa Catarina. Principais trabalhos: a descoberta do mimetismo recíproco (ou mülleriano) e a obra Für Darwin.
1853 O naturalista inglês Alfred Russel Wallace publica Viagens pelo Amazonas e Rio Negro.
1854 Reforma reorganizando todo o ensino superior do Brasil elaborada por Luís Pedreira de Couto Ferraz, ministro do Império. Não teve aplicação. 1854 Francisco Bonifácio de Abreu, médico nomeado catedrático para a recém-criada cadeira de Química da Faculdade de Medicina do Rio, após breve curso com Adolphe Wurtz em Paris, introduz no Brasil a nova notação atômica e as idéias do sistema unitário em química.
Criado no âmbito do Museu Nacional o cargo de naturalista-viajante, ocupado pela primeira vez pelo naturalista francês J. T. Descourtilz, ornitólogo e artista que trabalhava no museu desde 1851 e morre em 1855. Ocuparam também o cargo Fritz Müller, Emílio Goeldi, Hermann von Ihering e outros. Virgil von Helmreichen, geólogo a serviço das companhias britânicas de mineração, pelas quais viajou extensamente por Minas Gerais, tendo encontrado a morte por febre amarela na Bahia em 1851, publica em Viena memória descrevendo a região de Grão-Mogol, onde foi encontrado diamante do mesmo nome.
1855 Criação da Escola de Aplicação do Exército, desligando da Escola Militar o ensino teórico e prático de assuntos militares. 1855 Wucherer, Paterson e Silva Lima identificam na Bahia a Cholera morbus, importada de Vigo.
Joaquim Gomes de Sousa (1829-63) apresenta à Academia de Paris dois trabalhos seus: Memória sobre a Determinação das Funções Incógnitas que Entram sob o Sinal de Integração Definida e Memória sobre o Som. Embora examinados por Liouville, Lamé, Bienaymé e depois Cauchy, não houve pronunciamento sobre eles.
Iniciadas em Congonhas de Sabará e em Nova Lima séries de observações meteorológicas respectivamente de temperatura do ar e de chuvas, pela então chamada Empresa de Mineração Morro Velho, e continuadas até hoje.
Henrique Halfeld, a partir de seus trabalhos de exploração do rio São Francisco, organiza uma carta de Minas Gerais, na escala de 1:2.000.000.
1856 Sob auspícios da Sociedade Palestra Científica, e com assistência pessoal do imperador, o Museu Nacional (na época Imperial) abriu uma série de conferências públicas sobre botânica, zoologia, antropologia, fisiologia, etc.cujos conferencistas eram os cientistas da instituição. 1856 Joaquim Gomes de Sousa (1829-63) lê perante a Academia de Paris um aditamento a sua memória apresentada no ano anterior. Logo depois, aqui chegado, enviou novo resumo, considerado muito extenso para publicação nos Comptes Rendus.
Início da publicação da Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco. Stokes apresenta à Sociedade Real de Londres um resumo da Memória sobre a Determinação das Funções Incógnitas que Entram sob o Sinal de Integração Definida, de Joaquim Gomes de Sousa (1829-63), apresentada por este um ano antes para a Academia de Paris.
1856-59 Período de circulação da Revista Brasileira, em que apareceram alguns artigos de mineralogia da autoria de Frederico Leopoldo César Burlamaqui, diretor do Museu Imperial. Publicado em Berlim Systematische Uebersichf der Thiere Brasiliens, de Hermann Burmeister, baseado em observações que fez em 1850-52, em viagem realizada pelos estados do Rio e de Minas, relatada minuciosamente em sua Reise nach Brasilien, de 1853.
1857 Fundada no Rio de Janeiro a Revista da Sociedade Physico-Chimica, sob direção de Gregório Pereira de Miranda Pinto e Francisco Portela, principal redator. Teve existência curta. 1857 Chega a São Paulo frei Germano de Annecy, francês de Sabóia, astrônomo, e que ficou por mais de trinta anos ensinando matemática, física e astronomia. Amigo pessoal de D. Pedro II, foi convidado várias vezes para dirigir o Observatório do Rio de Janeiro, sem aceitá-lo, no entanto.
1858 Completa remodelação da Escola Militar, que passa a ter o nome de Escola Central, e da Escola de Aplicação do Exército, que passa a Escola Militar e de Aplicação. A Escola Central continua sujeita ao regime militar e destinada ao ensino das matemáticas e ciências físicas e naturais e também ao das doutrinas da engenharia civil. Além do ensino preparatório, há dois cursos: um, suplementar, de engenharia civil (dois anos) e outro, básico, de matemáticas e ciências físicas e naturais (quatro anos). 1858 Antônio Manuel de Melo, diretor do Imperial Observatório Astronômico, organiza expedição científica para observar eclipse solar em Paranaguá. A pedido de D. Pedro II, que facilitou todos os trabalhos, foi adido à expedição Emanuel Liais, recém-chegado da França. Por sugestão deste, é utilizada pela primeira vez a fotografia para fins astrométricos.
1858-71 O geógrafo e astrônomo francês Emanuel Liais explora Minas, Bahia e Pernambuco, tendo como auxiliares técnicos Eduardo José de Morais e Ladislau Neto, tendo os resultados gerais dos trabalhos sido publicados em 1865. Além disso, faz inúmeras observações astronômicas. Em 1870 é nomeado diretor do Imperial Observatório de Astronomia.
1858-75 Permanência de Glaziou, naturalista bretão, na qualidade de diretor das Matas e Jardins do Rio de Janeiro, para que foi convidado pelo próprio imperador. Foi o criador do Jardim da Aclimação, da Quinta da Boa Vista, e botânico da Comissão Cruls, do planalto Central do Brasil.
1859 Início dos trabalhos da Comissão Científica proposta pelo Instituto Histórico e Geográfico em 1856, encarregada de explorar o interior de algumas províncias do Brasil, sendo que o relatório da seção de Botânica foi redigido por Freire Alemão (1797-1874) e seu sobrinho Manuel Freire Alemão de Cisneiros (1834-63).
Emanuel Liais, em artigo nos Comptes Rendus (vol. 48), publica os resultados das observações do eclipse solar do ano anterior, observado em Paranaguá em expedição do Imperial Observatório Astronômico, e comunica a descoberta da existência de uma terceira atmosfera do Sol
1860-90 O Jardim Botânico do Rio de janeiro fica sob a direção do Instituto Fluminense de Agricultura. 1860 Emanuel Liais, em artigo publicado no n.° 1.248 dos Astronomische Nachrichten, discute as opiniões de Leverrier acerca das perturbações produzidas sobre Mercúrio por planetas intramercuriais.
1861 -Wucherer, da Escola Tropicalista da Bahia, realiza trabalhos de taxonomia ofiológica, considerados por Afrânio do Amaral como os primeiras do Brasil.
Expedição científica ao Ceará, chefiada por Freire Alemão, da qual resultaram, entre outros, um herbário de 20 mil espécimes e o breve relatório da parte zoológica elaborado por Manuel Ferreira Lagos, intitulado Trabalhos da Comissão Científica de Exploração. Esta expedição foi a primeira e única organizada pela Comissão. Além de Freire Alemão, participou da expedição, como botânico, Capanema.
1861-62 Beringer realiza em Pernambuco série de observações meteorológicas..
1861-68 A Comissão do barão de Ladário registra extensa série de observações meteorológicas na região amazônica.
1862 Adotado oficialmente no Brasil o sistema métrico, por lei de 26-6-1862.
1863 Fundada a Biblioteca do Museu Nacional, com 3 mil volumes, dos quais a metade pertencia à extinta Comissão Científica do Ceará. 1863 Publicados em Londres A Narrative of Travels on the Amazon and Rio Negro, de Alfred R. Wallace, e The Naturalist on the River Amazon, de Henry Walter Bates, resultado das pesquisas de ambos na região amazônica, a partir de 1848. Wallace voltou à Inglaterra em 1852, enquanto Bates permaneceu até 1859. Este último aqui observa e descreve pela primeira vez o fenômeno do mimetismo. Wallace, em 1858, publica junto com Darwin On the Tendency of Species to Form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection.
José Vieira Couto de Magalhães publica sua Viagem ao Araguaia, contendo o reconhecimento do rio, além de observações sobre o comércio e o desenvolvimento econômico da região.
1864 Fritz Müller (Johann Friedrich Theodor Müller, 1822-97), naturalista do Museu Nacional, escreve Für Darwin, imediatamente traduzido para o inglês por iniciativa de Darwin e editado sob título de Facts and Arguments for Darwin.
1865 Início das reuniões científicas, promovidas por Paterson, na Bahia, e das quais participavam inicialmente, além dos outros dois líderes (Wucherer e Silva Lima), mais quatro ou cinco médicos. Dessas reuniões resultou a fundação da Gazeta Médica da Bahia, um ano depois. Este grupo ficou conhecido como Escola Tropicalista da Bahia. 1865 Realização de grande expedição científica norte-americana, financiada por Nathaniel Thayer e chefiada pelo suíço J. L. R. Agassiz, principalmente preocupada com a geologia e a paleontologia, mas também com a ictiologia. Eram da comitiva: o geólogo Frederico Hart, o conquiliologista J. S. Anthony, o ornitólogo J. A. Allen, Th. Ward, E. Copeland e o brasileiro João da Silva Coutinho. O material colhido foi para o acervo do Museum of Comparative Zoology (Museu Agassiz).
Ladislau Neto (1837-98), botânico alagoano, é nomeado diretor da Seção de Botânica do Museu Imperial Antônio Manuel de Melo, diretor do Imperial Observatório Astronômico, chefia expedição para observação do eclipse solar naquele ano, em Camboriú, Santa Catarina.
Gama Lobo descreve, uma síndrome, a oftalmia brasiliana, posteriormente identificada com a avitaminose A, e a vincula à deficiência de alimentação.
Publicados os resultados dos trabalhos de exploração da bacia do São Francisco, chefiados pelo cientista francês Emanuel Liais, auxiliado por Eduardo José de Morais e Ladislau Neto.
1865-72 Publicado em três volumes Configuração e Estudo Botânico dos Vegetais Seculares da Província do Rio de Janeiro e Outros Pontos do País, de Saldanha da Gama (1839-1905). Além disso publicou Classement Botanique des Plantes Alimentaires du Brésil (1867) e, junto com Cogniaux, um trabalho sobre melastomáceas.
1866 Criação do Museu Arqueológico e Etnográfico da Sociedade Filomática do Pará, do qual se originará, em 1894, o Museu Paraense, sob direção de Emílio Goeldi. 1866 Wucherer inicia na Gazeta Médica da Bahia série de artigos sobre a doença vulgarmente chamada "opilação" ou "cansaço", mostrando sua ligação com a infestação ancilostomótica.3333
Fundada em Salvador a Gazeta Médica da Bahia, onde vêm publicados os trabalhos da chamada Escola Tropicalista, primeiro núcleo significativo de medicina experimental no Brasil, da qual participavam entre outros Otto Wucherer, José Francisco da Silva Lima e John Ligertwood Paterson. A publicação da Gazeta termina em 1908. 1866-69 Série de publicações, reeditadas pela Gazeta Médica da Bahia em 1872, da autoria de José Francisco da Silva Lima, sobre a sintomatologia, as lesões e formas clínicas do beribéri, identificando-o definitivamente com as manifestações da doença na Índia. Não tem, no entanto, idéia clara da etiologia.
1867 José Francisco da Silva Lima, da Escola Tropicalista da Bahia, descobre uma nova doença, o "ainhum", peculiar à raça negra, e apresenta sua descrição clínica e anátomo-patológica.
Vem ao Brasil a expedição organizada pelo Smithsonian Institute de Washington, da qual participam, entre outros, James Orton e os irmãos H. M. e P. V. Myers.
Sob os auspícios do governo brasileiro, Emanuel Liais publica em Paris, pela Garnier, o complemento de seus estudos, intitulado Traité d'Astronomie Appliquée et de Géodésie Pratique.
1868 O Museu Nacional passa para a esfera do Ministério da Agricultura, que detinha maiores recursos e era mais disposto a apoiar novos empreendimentos. A transferência foi obra de Ladislau Neto, na gestão de Freire Alemão. 1868 Expedição do Imperial Observatório Astronômico à Paraíba, para estudo do eclipse anular do Sol, chefiada por Cruvelo d'Ávila.
Ao pesquisar a quilúria endêmica na Bahia, Wucherer descobre na urina dos doentes as microfilárias, forma larvar do parasita que depois recebeu o nome de Wuchereria bancrofti (Cobbold, 1877).
1869 Eduardo José de Morais publica sua Navegação Interior do Brasil, com uma classificação das bacias hidrográficas brasileiras segundo sua importância para a navegação e sua distribuição geográfica.
Joaquim Pereira Moutinho publica sua Notícia sobre a Província de Mato Grosso.
1870 Harry Rosenbusch, considerado o pai da petrografia alemã, publica sua Mineralogische und geognostische Notizen von einer Reise in Süd-Brasilien. Antes (1857-62) tinha estado no Brasil, contratado como professor particular da família Viana Bandeira, em Salvador.
Primeira das cinco visitas ao Brasil de Herbert Smith, naturalista colecionador americano, inicialmente interessado em geologia e posteriormente dedicado exclusivamente à zoogeografia. O material coletado foi para o American Museum .de Nova York, o que permitiu a I. A. Allen publicar extenso trabalho sobre a nossa ornitologia, em 1892.
Nomeado pelo imperador para dirigir o Imperial Observatório Astronômico o astrônomo e geógrafo francês Emanuel Liais, do Observatório de Paris, onde havia trabalhado com Leverrier, Faye e outros. Vindo ao Brasil em missão científica do governo francês em 1858, fixou-se no país a convite de D. Pedro II.
Publicação de Geology and Physical Geography of Brazil, de Charles Frederick Hartt, resultado de suas observações colhidas como membro da Expedição Thayer (1865-66).
1870-72 Realização da Expedição Morgan, chefiada por Charles Frederick Hartt, que já tinha estado aqui com a Expedição Thayer (1865-66). Participam também o botânico Prentis e os estudantes Orville Derby e John Casper Branner.
1871 Por sugestão de Emanuel Liais, o Imperial Observatório Astronômico é desmembrado da Escola Central (futura Politécnica), condição para que assumisse a direção que exerce até 1881. Entre 1871 e 74, Liais passa período na Europa para aquisição de aparelhagem. 1871 Manuel de Morais e Vale, catedrático na cadeira de química mineral e mineralogia da Faculdade de Medicina do Rio, substituto de Torres Homem, dá pela primeira vez no Brasil um curso completo e sistemático baseado na doutrina unitária. Até 1884 foi o grande reformador do ensino de química do país, formando toda a próxima geração de catedráticos.
Criada a Diretoria Geral de Estatística. Publicado em Leipzig o livro Handbuch der Geographie und Statistik der Kaiserreichs Brasilien, da autoria de J. E. Wappaus.
D. Pedro II, como Pedro de Alcântara (1825-91), é eleito membro da Royal Society de Londres.
1871-88 Publicada, pela E. & H. Laemmert do Rio de Janeiro, a obra em cinco tomos de Theodor Peckolt, História das Plantas Alimentares e de Gozo do Brazil, Contendo Generalidades sobre a Agricultura Brasileira, a Cultura, Uso e Composição Chimica de Cada uma Delias (...).
1872 Na École des Mines de Paris, D. Pedro II entra em contato com o Prof. Daubrée, que indica o Prof. Gorceix para dirigir uma escola similar em Ouro Preto. 1872 Publicada em Stuttgart, Alemanha, a obra Grundzüge der allgemeinen klinischen Thermometrie, uma das primeiras monografias em alemão sobre o assunto, de autoria do médico brasileiro P. F. da Costa Alvarenga, traduzida por Wucherer.
Publicado por Emanuel Liais o trabalho Climats, Géologie, Faune et Geographie Botanique du Brésil, severamente criticado por Orville Derby.
Primeiros registros meteorológicos para o estado da Bahia, a partir de observações efetuadas em São Bento das Lages, na Escola Imperial de Agricultura.
1873 O Ministério de José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco, decreta a lei n.° 2.261, de 24 de maio de 1873, autorizando a reforma do regulamento das Escolas Militar e Central e a transferência da Escola Central do Ministério da Guerra para o Ministério do Império. Isto significa a separação efetiva do ensino da engenharia civil da militar. 1873 Publicado no Rio de Janeiro, em dois volumes. Noções Elementares de Chimica Médica, Apresentadas em Harmonia com as Doutrinas Chimicas Modernas, de Manuel de Morais e Vale, sendo o principal veículo de divulgação do sistema moderno da química.
Publicado o trabalho Elementos de Anatomia, Physiologia e Morphologia Vegetal, de Antônio Mariano de Bonfim, talvez um dos primeiros compêndios de botânica publicados no Brasil.
Publicado o Diccionario de Botânica Brasileira, de Almeida Pinto, coordenado e redigido em grande parte sobre manuscritos de Arruda Câmara e revisto por uma comissão da Sociedade Vellosiana.
Elaborada por Henrique de Beaurepaire-Rohan a Carta Geral do Brasil, organizada para figurar na Exposição Universal de Viena e considerada a melhor, até a Carta do Brasil, feita pelo Clube de Engenharia do Rio de Janeiro em 1922.
1873-1907 O naturalista Schwacke, alemão de nascimento, nomeado naturalista-viajante do Museu Nacional, fixa-se definitivamente no Brasil. Realizou diversas excursões pelo interior, inclusive com Ladislau Neto (1880) e com Glaziou e o botânico Arechavalleta (1884). Publicou, entre outros Ein Ausflug nach der Serra do Caparaó (1890). Diretor da Escola de Farmácia de Ouro Preto de 1891 a 1904, para onde foi levado por Costa Sena.
1874 Transformação da Escola Central em Escola Politécnica, de caráter inteiramente civil, completando definitivamente a separação da instrução militar da civil. Esta mudança, de iniciativa do visconde do Rio Branco, primeiro-ministro, engenheiro formado pela própria Escola e seu professor de Mecânica, visava torná-la também um centro de difusão dos mais elevados conhecimentos teóricos das ciências exatas. 1874 O farmacêutico alemão Theodor Peckolt, formado pela Universidade de Rostock e tendo chegado ao Brasil em 1847, é encarregado por Ladislau Neto de reorganizar o Laboratório de Química do Museu Nacional, realizando aí suas pesquisas fitoquímicas da flora brasileira, sendo por elas condecorado com o oficialato da Ordem da Rosa, por D. Pedro II.
O antigo curso matemático da ex-Escola Central, agora transformada em Escola Politécnica do Rio de Janeiro, é. desdobrado em dois cursos científicos: curso de ciências físicas e matemáticas e curso de ciências físicas e naturais. No primeiro incluiu-se a cadeira de Mecânica Celeste e Física Matemática e uma de complementação, que incluía "cálculo de probabilidades, sua aplicação às tábuas de mortalidade, aos problemas mais complicados de juros compostos, às amortizações pelo sistema Price, ao cálculo das sociedades denominadas Tontinas e aos seguros de vida". Sinfrônio Olímpio César Coutinho (1832-87) descreve no Journal de Therapeutique, de Paris, as propriedades terapêuticas do jaborandi. Para vencer ceticismo, fez Coutinho demonstrações no homem, em Paris, confirmadas por Gubler.
Passam a ser conferidas cartas de bacharel e de doutor em ciências físicas e matemáticas e -em ciências físicas e naturais, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro (ex-Escola Central), independentemente dos profissionais de engenharia. Domingos José Freire, em substituição a Bonifácio de Abreu, assume a cadeira de Química Orgânica e Biológica da Faculdade de Medicina do Rio com a tese Estudo Analytico e Comparativo dos Principaes Ácidos Orgânicos. Permanece na cadeira até 1895.
Gorceix chega ao Rio e começa preparativos para organização da Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto. 1874-76 Trabalhos da Comissão da Carta Geral do Império, de que participam Liais e Cruls.
1874-76 Domingos José Freire, em comissão científica do governo, realiza viagem pela Europa, incluindo Paris, Londres, Bruxelas, Alemanha, Áustria, Suíça, províncias alemãs da Rússia, Itália, para estudo da organização universitária, do ensino médico e dos laboratórios. 1874-79 Contratado para o ensino de Física e Química Industrial da Escola Politécnica do Rio de Janeiro o francês Ernest Guignet, repetidor da École Lavoisier em Paris. Guignet volta para a Europa para assumir a direção da Station Agronomique de la Somme em Amiens.
1874-1918 Fixa-se no Brasil o botânico sueco Albert Löfgren, para explorar São Paulo e Minas, na companhia de Mosén, que logo regressa. Inicia como engenheiro-arquiteto da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, depois passa a botânico e meteorologista da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. Funda aí o Serviço de Meteorologia e do Jardim Botânico. Em 1916 vai para o Rio de Janeiro.
1875 Ladislau Neto (1837-98), botânico alagoano, assume a Diretoria Geral do Museu Nacional. 1875 João Martins Teixeira, professor de Física Médica da Faculdade de Medicina do Rio, realiza um curso popular de química na Escola Normal de Niterói, para divulgar novas doutrinas na química. Apesar de não ter realizado nenhum trabalho de pesquisa original, Teixeira foi o grande divulgador da química da época.
Início da publicação dos Arquivos do Museu Imperial (depois Nacional), no dizer de Roquette-Pinto "a única publicação que durante longos anos o mundo científico recebeu do Brasil". Sua tiragem superava os mil exemplares. João Martins Teixeira, professor de Física Médica da Faculdade de Medicina do Rio, publica seu Noções de Chimica Geral, o livro didático mais utilizado até o fim do século.
Criação da Comissão Geológica do Império do Brasil, dirigida por Charles F. Hartt. Além dos elementos nacionais, Hartt conseguiu reunir geólogos como Orville A. Derby, Richard Rathburn, John Casper Branner. Nos seus dois anos de existência, reuniu 500 mil amostras, até hoje talvez o maior acervo do Museu Nacional em geologia. Extinta em 1877. Silva Araújo, da Escola Tropica-lista da Bahia, publica trabalhos sobre a Filaria dermathermica.
Assinado em 6-11-1875 o decreto imperial criando definitivamente a Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto, inaugurada oficialmente um ano depois, tendo como diretor Henri Gorceix. Realização das primeiras pesquisas fitoquímicas da flora brasileira, por Peckolt.
Cruls publica seu primeiro trabalho no Brasil: Discussion sur les Méthodes de Répétition et de Réitération Employées em Géodésie pour Mesure des Angles, publicado em Gant, na Bélgica.
1875-88 Domingos José Freire, catedrático de Química Orgânica e Biológica na Faculdade de Medicina do Rio, publica, na Jahresbericht der Chemie (1875:997 e 1887:2224) e na Bericht der deutschen Chemischen Geselschaft (8, 1347, 1875 e 21, III, 60, 1888), artigos onde relata a descoberta do alcalóide grandiflorina.
1876 Segunda reforma do Museu Nacional sob a direção de Ladislau Neto, esta de efeitos duradouros e impacto significativo. Previstas três seções: Antropologia, Zoologia Geral e Aplicada, Anatomia Comparada e Paleontologia Animal; Botânica Geral e Aplicada e Paleontologia Vegetal; Ciências Físicas; Mineralogia, Geologia e Paleontologia Geral. A Numismática, Arqueologia e Etnografia ficariam como seção anexa enquanto não se criasse estabelecimento para este fim. 1876 O químico industrial francês Ernest Guignet publica nos Comptes Rendus de 1'Académie des Sciénces de Paris dois trabalhos: "Sur un fer Météorique Très Riche en Nickel (...)", com G. Ozório de Almeida, e "Composition Chimique des Eaux de Ia Baie de Rio de Janeiro", com A. Teles, apresentados à Academia pelo imperador.
Instituído no Museu Nacional, pela Reforma de 1876, o título de "Membro correspondente do Museu, aos nacionais e estrangeiros que se tornarem dignos desta distinção por seu reconhecido mérito literário e científico e serviços prestados ao estabelecimento". Batista Lacerda, no primeiro volume da revista Arquivos do Museu Nacional, publica vários artigos, entre os quais um sobre o curare e uma tese de concurso sobre os centros motores encefálicos.
Início da publicação dos Anais da Biblioteca Imperial (agora Nacional), correspondendo o último volume a 1938, editado em 1940. Doze anos depois da obra Für Darwin, Fritz Müller é nomeado naturalista viajante do Museu Nacional. Em 1891 pede demissão do cargo por não se dispor a mudar-se para o Rio de Janeiro. Ao morrer, em 1897, tinha publicado mais de 248 artigos e livros.
Inaugurada no dia 15-10-1876 a Escola de Minas e, Metalurgia de Ouro Preto, organizada segundo modelo da École des Mines de St. Étienne por Henri Gorceix, seu diretor até 1891 e também seu professor de Química. Leônidas Damásio (1854-1922), um dos fundadores da Escola de Minas de Ouro Preto, é nomeado professor de botânica da Escola e incentiva para a botânica, entre outros: Costa Sena, Álvaro da Silveira, Baeta Neves e os irmãos Magalhães Gomes.
Fundada no Rio de Janeiro a Sociedade Positivista, tendo entre os seus sete fundadores Álvaro de Oliveira, professor de Química da Politécnica, e Benjamim Constam, ambos se desligando em 1881. Publicado no Rio de Janeiro Les Travaux de Ia Mesure d'un Arc de Méridien au Brésil sous Ia Direction de M. Emm, Liais, Directeur de 1'Observatoire Imperial de Rio de Janeiro, de Louis Cruls, com a colaboração de Liais.
1876-78 Publicação, em seis extensos relatórios, dos resultados das observações da viagem em comissão cientifica de Domingos José Freire em 1874-76. O terceiro, com descrição detalhada dos laboratórios de Leipzig, Marburgo, etc., serviu para orientar a instalação dos laboratórios de sua cadeira de Química Orgânica e Biológica. 1876-82 O explorador e cientista francês Jules Nicolas Crévaux empreende vários estudos e explorações de caráter geográfico ao Norte do Brasil, resultando na publicação de um livro póstumo, Voyages dans 1'Amérique du Sud.
1876-96 Otávio de Freitas realiza sua importante série de observações meteorológicas para o Recife.
1877 Dissolução da Comissão Geológica do Império por falta de verbas. 1877 Início da colaboração de F. Müller para os Arquivos do Museu Nacional.
Publicado por Joaquim Galdino Pimentel, lente da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, o livro didático Lições de Mecânica Celeste, considerado por Oliveira Castro como de elevado nível.
Joaquim Monteiro Caminhoá (1836-96) publica no Rio de Janeiro seus Elementos de Botânica Geral e Médica, em três volumes, considerados, até meados deste século, compêndio básico para quem no Brasil quisesse estudar botânica.
Manuel Vitorino Pereira, da Escola Tropicalista da Bahia, pela primeira vez formula e tenta provar a transmissão da Filaria medinensis pela água potável.
Artur Fernandes Campos da Paz publica seu Estudo sobre a Nomenclatura Chimica, sua única obra conhecida sobre química.
Cruls publica no Rio de Janeiro, pela Tipografia Nacional, sua obra Organisation de Ia Carte Géographique et de 1'Histoire Physique et Politique du Brésil, que atraiu especial atenção do governo.
Henrique E. Bauer publica seu trabalho sobre As Minas de Ferro de Jacupiranga.
Orville A. Derby publica nos Arquivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, v. II, sua "Contribuição para a Geologia do Baixo Amazonas".
Henrique de Beaurepaire-Rohan publica seu Estudo acerca da Organização da Carta Geográfica e da História Física e Política do Brasil.
1877-79 Ernest Guignet, químico francês da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, publica nos Comptes Rendus artigos sobre ferro niquelado, argilas e bulhas do Brasil, considerados sem valor original, mas de enorme avanço metodológico.
1878-79 O ministro Leôncio de Carvalho assina duas reformas referentes ao Colégio D. Pedro II. A primeira dá nova distribuição às matérias, torna livre a freqüência ao externato e tira às aulas de religião o caráter obrigatório. A segunda estendia em determinadas condições as prerrogativas do Colégio a estabelecimentos com o mesmo programa de estudos. 1878 Chega ao Brasil, contratado pelo governo imperial para cursos de Biologia Industrial na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, o fisiologista francês Louis Couty, discípulo de Vulpian. Até 1881 íntimo colaborador de J. B. de Lacerda, sem, no entanto, publicar cientificamente. Morre em 1884, com 34 anos de idade.
Publicadas no Rio de Janeiro as Noções de Chimica Inorgânica, de João Martins Teixeira, da Faculdade de Medicina do Rio.
Cruls, do Imperial Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, publica pela Tipografia Nacional sua Mémoire sur Mars: Taches de Ia Planète et Durée de Sa Rotation, chegando a um resultado considerado muito bom.
1879 Decretada a reforma de ensino que leva o nome do ministro Leôncio de Carvalho, instituindo no ensino superior do país o chamado "ensino livre", a partir de inspiração ideológica do liberalismo econômico europeu e calcado nos modelos universitários estrangeiros. Gerou grande resistência política e a queda do ministro. Entre outras medidas, abolia a presença obrigatória e as sabatinas, facultava a abertura de faculdades livres e inteira liberdade de cátedra. 1879 Orville A. Derby (1851-1915) é nomeado diretor da Seção de Geologia do Museu Nacional. Salvou grande parte das coleções, classificando, numerando e catalogando, remetendo para estudos no estrangeiro copioso material, cujos resultados eram publicados nos Arquivos do Museu Nacional. Afasta-se em 1890, após acusação pelo diretor de desvio de material ao estrangeiro, que colhia nas incursões.
Cruls publica nos Comptes Rendus de janeiro desse ano trabalho seu intitulado Sur les Diametres du Soleil et de Mercure, Déduits du Passage du 6 Mai 1878.
Jorge Tibiriçá Piratininga defende tese de doutoramento em química pela Universidade de Zurique sobre. a reação do óxido de carbono com álcalis cáusticos. Seus trabalhos, sob orientação de Merz e Weith, levaram Goldschmidt em 1894 à criação do processo para fabricação de formiato de sódio e ácido fórmico, ainda hoje o único usado. Levaram, além da tese, a duas publicações junto com Merz no Berichte der deutschen chemischen Gesellschaft, em 1877 e 1880. De volta ao Brasil, no entanto, nunca mais realizou trabalho científico, dedicando-se basicamente às atividades públicas, chegando a presidente do estado de São Paulo.
1879-81 Primeiras séries isoladas de observações meteorológicas realizadas por Gardis no Mato Grosso e publicadas em revistas alemãs.
1879-1909 Estudos de João Batista de Lacerda sobre a presença de enzimas proteolíticas e lipolíticas em diversos venenos, coroados com a publicação das conclusões definitivas na monografia De Variis Plantis Veneniferis, de grande importância para a farmacologia e a fisiologia.
1880 Criação oficial do Laboratório de Fisiologia Experimental, anexo ao MuseuNacional, com organização independente do regulamento geral do Museu e dotado de verba especial. Organizado por Louis Couty, seu diretor, e João Batista de Lacerda, vice-diretor a contragosto do diretor Ladislau Neto, mas contando com a proteção do imperador. Em 1899 passou a ser chamado de Laboratório de Biologia. 1880 Publicado, em fascículos. Lições de Chimica Orgânica, de Domingos Freire, livro didático para os alunos de medicina. Deste mesmo ano data seu Recueil des Travaux Chimiques Suivie des Recherches sur Ia Cause, Nature et Traitement de Ia Fièvre jaune, em que figuram doze trabalhos químicos, três sobre alcalóides.
1881 Emanuel Liais, após fracasso de seus pedidos para ampliação e melhor localização (morro de Santo Antônio) do Observatório, deixa a direção, tendo sido indicado para substituí-lo o astrônomo belga Louis Cruls. 1881 João Batista de Lacerda verifica a ação destrutiva do permanganato de potássio sobre a peçonha in vitro, sem obter, no entanto, resultados clínicos significativos. No mesmo ano se dá a separação do seu colaborador Couty.
Publicada no Rio a obra Noções de Chimica Geral, Destinadas a Servir de Prolegômenos ao Estudo de Chimica Especial, de Morais e Vale.
Publicada a Phytographia ou Botânica Brasileira Applicada à Medicina, às Artes e à Indústria, do botânico alagoano Melo Morais.
W. Michler e A. Sampaio, seu discípulo doutorando em Zurique, publicam no Berichte der deutschen chemischen Gesellschaft artigo sobre compostos de diamidoditolyl.
1882 Criação do que seria futuramente o Laboratório Nacional, subordinado à cadeira de Higiene da Faculdade Nacional de Medicina. Em 1886, as análise para os Serviços Sanitários ficaram no Laboratório de Higiene e as perícias toxicológicas no Laboratório da cadeira de Farmacologia. 1882 O governo brasileiro publica em Leipzig alguns dos trabalhos matemáticos de Joaquim Gomes de Sousa (1829-63), sob título de Mélanges de Calcul Integral, precedido por um prefácio de Charles Henry.
Realizado no Rio de Janeiro o Congresso de Instrução. Publicado nos Annales de 1'Observatoire Imperial de Rio de Janeiro artigo de Liais intitulado "Révision des Tables de Mercure et des Masses des Planètes Inférieures", onde discute os resultados de Leverrier.
Início da publicação dos Annales de 1'Observatoire Imperial de Rio de Janeiro. Organizadas por Cruls as observações da passagem de Vênus pelo disco solar, em três lugares diferentes, levando a resultados altamente satisfatórios, publicados antes dos de qualquer outra comissão estrangeira, em 1887, nos Annales de l'Observatoire Imperial de Rio de Janeiro, inteiramente dedicados ao assunto. A apresentação dos resultados à Academia de Ciências de Paris mereceu grandes elogios de H. Faye.
Henri Gorceix publica, no Engineering and Mining Journal de Nova York, artigo intitulado "The Diamond Deposits of the Province of Minas Gerais, Brazil".
Cruls, do Imperial Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, publica nos Comptes Rendus e nos Astronomische Nachrichten suas cuidadosas observações sobre um cometa que recebeu seu nome. Este trabalho lhe valeu a Medalha Valz da Academia de Ciências da França.
Domingos Freire publica seu livro Lições Elementares de Chimica Orgânica com Applicações à Medicina e à Pharmacia, enfatizando a teoria atômica e a da valência, ainda muito pouco em uso no país.
1882-83 Engelberg realiza nova série de observações meteorológicas na região amazônica.
1882-89 Wilhelm Michler, pesquisador e lente da Escola Politécnica Federal e da Escola Veterinária, ambas de Zurique, reequipa os laboratórios de química da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, realiza inúmeras pesquisas, publica diversos trabalhos aqui e forma grande número de alunos. Morre subitamente no Rio.
1883 Criação da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (mais tarde Sociedade Brasileira de Geografia). 1883 Álvaro Joaquim de Oliveira, positivista, catedrático de Química Mineral da Escola Politécnica, publica seu Apontamentos de Chimica, considerado por Rheinboldt a melhor e a mais original obra brasileira, só não tendo tido grande influência por ter sido escrita em português.
Virgílio Damázio, da Escola Tropicalista da Bahia e antecessor de Nina Rodrigues na cátedra de Medicina Legal, parte para missão de dezoito meses na Europa e apresenta relatório propondo reforma do ensino médico, na base da pesquisa e do trabalho experimental, porém sem resultado. Feito o primeiro levantamento magnético da bacia do São Francisco pelo holandês Van Ryckevorsel.
Michler e A. Sampaio publicam na Revista de Engenharia do Rio de Janeiro suas "Investigações Chimicas dos Produtos Naturaes do Brasil".
Cruls publica trabalho sobre o meridiano do Observatório do Rio de Janeiro, até então controvertido, dando origem a críticas de Manuel Pereira Reis e à formação de uma comissão nomeada pelo governo para estudar a questão. Ambas foram refutadas por Cruls.
1883-1915 Ule (1854-1915) é contratado naturalista-viajante do Museu Nacional, passando em 1895 a assistente da seção de Botânica. Além de estudos descritivos e de fitogeografia e ecologia, estudou turfeiras, plantas produtoras de borracha, epífitas, formigas da Amazônia.
1884 Cruls, diretor do Imperial Observatório Astronômico, representa o Brasil na conferência em Washington, que estabelece para meridiano universal o de Greenwich (com abstenção de voto do Brasil e da França) e adota uma hora universal. 1884 Karl von den Stein chefia expedição ao Brasil central, de que faz parte, entre outros, Otto Clauss, cujos trabalhos meteorológicos e geográficos foram publicados em 1886 no Pettermanns Geographische Mitteilungen. O relatório da expedição também foi publicado em 1886.
Reforma do ensino médico (Sabóia) que esteve em vigor até o fim da monarquia. Procurou desenvolver o ensino prático, concedeu ampla liberdade de freqüência, suprimiu as sabatinas, obrigando os alunos a provas práticas e a apresentação de preparados feitos durante o curso; aboliu a jubilação por reprovação consecutiva, criou a Revista dos Cursos, permitiu realização de cursos livres e fundação de faculdades livres, etc. Exploração da praia de Armação por Müller, em estudos de campo.
Criação do Observatório de Curitiba, pela Repartição dos Telégrafos. João Batista Kossuth Vinelli, da Faculdade de Medicina, escreve um trabalho sobre a "descorticação cerebral de macacos".
1884-89 Revistas alemãs publicam as séries de observações meteorológicas realizadas no Mato Grosso, primeiro por Carstens (1884 85) e posteriormente por este e Vogel (1887-89).
1885 Início da publicação da Revista da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. 1885 João Paulo de Carvalho, da Faculdade de Medicina, publica sobre fibras vasomotoras no simpático cervical.
F. I. Ferreira publica no Rio de Janeiro seu Dicionário Geográfico das Minas do Brasil, concatenação de notícias, informações e descrições sobre as minas, extraídas de documentos oficiais, memórias, etc.
1885-89 Adolfo Lutz, em função de seus trabalhos clínicos no interior de São Paulo, publica série de artigos no Zeitschrift für Dermatologie, contribuindo, entre outros, mas significativamente, para a descrição do bacilo da lepra, o que o leva a Honolulu, em comissão do governo inglês, a convite do professor Unna, de Hamburgo.
1886 Instalação da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, dirigida por Orville A. Derby, contando com a colaboração do petrógrafo austríaco Eugen Hussak e dos geólogos brasileiros Gonzaga de Campos e Francisco P. Oliveira, formados ambos pela recém-criada Escola de Minas de Ouro Preto. Em 1904 Derby pede demissão do cargo. 1886 Antônio Pimenta Bueno elabora o Mapa do Território das Missões.
Iniciada a publicação da Revista do Observatório, periódico mensal de divulgação e informação científica do Imperial Observatório Astronômico do Rio de Janeiro.
1887 Fundação da Imperial Estação Agronômica, posteriormente Instituto Agronômico de Campinas, por iniciativa do Conselheiro Antônio Prado, para estudar todos os problemas referentes à agricultura nacional. Para fundar e dirigi-la, foi convidado o jovem químico F. W. Dafert, assistente de Kreusier, da Academia de Agricultura Bonn-Popelsdorf, e para vice-diretor, E. Lehmann, da Academia de Agricultura Weihstephan da Bavária, Junto vieram outros cientistas alemães. 1887 Pedro Severino de Magalhães, da Escola Tropicalista da Bahia, descobre uma filaria do coração humano, a Filaria magalhaensi. Além disso, descreve nematóides da água potável e é o primeiro a assinalar hematozoários no homem. Substituto na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1891, é catedrático em 1914.
Escola Politécnica da Bahia. Fundada em 1887, só foi instalada em março de 1897 e equiparada em maio de 1898 pelo decreto de n.° 2.893. Domingos Freire, catedrático de Química Orgânica e Biológica da Faculdade de Medicina do Rio, publica um Manual de Trabalhos Práticos de Chimica Orgânica. Suas publicações incluem assuntos de higiene, bacteriologia, bromatologia, medicina, etc., além de estudos sobre fitoquímica.
Cruls, diretor do Imperial Observatório Astronômico, representa o Brasil no Congresso Astronômico para a Carta Topográfica do Céu, com a presença de 37 astrônomos de quinze países. Na ocasião, acompanha D. Pedro II na visita do imperador a Flammarion. Jordano da Costa Machado, em Iena, orientado por Eugen Hussak, apresenta tese intitulada Beitrag zur Tetrographie der südwestliche Grenze zwischen Minas Gerais und São Paulo. Foi este contato com o jovem brasileiro que levou Hussak a abandonar a docência em Bonn e em 1888 vir para o Brasil.
Tibúrcio Valeriano Pecegueiro do Amaral, aluno de Morais e Vale, publica o Estudo Chimico do Mercúrio e Seus Compostos, tese para doutor em medicina, muito elogiada por Campos da Paz.
Antônio Pimenta Bueno constrói sua Carta Geral das Fronteiras do Brasil, cuja parte relativa ao Mato Grosso foi principal fonte de informação até os trabalhos de Rondon nos primeiros decênios do século XX.
1887-88 Segunda expedição chefiada por Karl von den Stein, acompanhado desta vez por Peter Vogel, cujas observações foram publicadas sob o título de Reisen nach Matto Grosso 1887-1888.
1888 Cruls, diretor do Imperial Observatório Astronômico, é agraciado pelo governo francês com a Cruz de Oficial da Legião de Honra e nomeado membro correspondente do Instituto de França. 1888 João Paulo de Carvalho, da Faculdade de Medicina, publica sobre a excitabilidade do córtex.
O Ministério da Marinha cria sua Repartição Central Meteorológica, competindo de certa forma com o Observatório do Rio de Janeiro. 1888-1911 Presença no Brasil, onde falece, do mineralogista e petrólogo Franz Eugen Hussak, de origem austríaca. Descreveu neste tempo uma dúzia de minerais novos, obtidos quase todos pessoalmente. Em função de dificuldades iniciais, foi nomeado professor de mineralogia e geologia do neto de D. Pedro II, D. Pedro Augusto. Trabalhou com Orville Derby na Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo e, depois, no Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.
1840 Criada no Colégio D. Pedro II do Rio de Janeiro a cadeira de Alemão, a primeira no país, cujo titular era o barão de Planitz. 1840 Sob os auspícios do imperador da Áustria e o rei da Baviera, convencidos por Metternich, é publicado em Munique o primeiro fascículo da Flora Brasiliensis por Von Martius, auxiliado por Endlicher. A partir de 1850, publicados nove fascículos, obteve de D. Pedro II subvenção que continuou até o último fascículo, de 1906. Ao todo foram 130 fascículos em quarenta volumes m folio, com mais ou menos 20 mil espécies (6 mil novas) e 3 mil estampas. Colaboraram 65 botânicos de diversos países.