
Resenha de "A Escola vista por dentro", 
João Batista Araujo e Oliveira e Simon Schwartzman, Belo Horizonte, Alfa 
Educativa, 2003
      
      Livro expôe as causas da ineficiência do ensino 
      público
      (publicado originalmene em S.O.S. Escola) 
      
      
      Foi lançado, em Sã0 Paulo, o livro A escola vista por 
      dentro, produzido pelos educadores João Batista Araujo e Oliveira 
      e Simon Schwartzman. A obra mostra que o conceito de escola ainda não 
      está definido em muitos estabelecimentos da rede pública, 
      provocando distorções que contribuem para a ineficiência 
      do ensino e que resultam em desempenhos insatisfatórios e fracassos. 
      O trabalho traz registros cruciais, como a reconhecida incapacidade da escola 
      pública - quando vista por dentro - de perceber a relação 
      entre o que faz e os resultados que consegue obter. 
      
      Em sua análise, o livro ressalta como as características das 
      escolas particulares se aproximam das características das chamadas 
      escolas eficazes, e traz conclusões a respeito de políticas 
      e medidas que poderiam ser tomadas para melhorar as condições 
      das escolas públicas. Essas ações passam pela definição 
      do que é escola, da autonomia do diretor, que passa a ser responsabilizado 
      por resultados, e de mecanismos que permitam a efetiva participação 
      dos pais nas decisões que afetam diretamente a vida escolar de seus 
      filhos. 
      
      Na comparação, há uma clara diferença entre 
      o que é considerado normal e o que é considerando desviante 
      entre essas duas redes: pontualidade e freqüência de alunos e 
      professores, cumprimento do calendário escolar,cumprimento do programa 
      de ensino, elevado nível de aprovação dos alunos,papéis 
      do diretor e conseqüências para um professor que não leciona 
      ou cujos alunos não aprendem. 
      
      As escolas da rede privada de ensino, talvez por não possuírem 
      Secretarias de Educação, são as únicas que efetivamente 
      dispõem de autonomia. Nas escolas publicas as atividades são 
      coordenadas por este órgão, que passa demandas desconexas 
      que não permitem a visualização de seus resultados. 
      A desorientação da direção é reproduzida 
      na sala de aula. Poucos são os professores que enxergam a relação 
      entre o que fazem e o resultado, entre o que afeta ou deixa de afetar o 
      rendimento dos alunos. Participar em reuniões e capacitação, 
      por exemplo, é considerado mais importante do que usar bem o tempo 
      de aula. O fracasso escolar é sempre atribuído ao aluno esua 
      família - professor e escola raramente ou nunca são considerados 
      como parte do problema. 
      
      Os autores mostram que nada impede as escolas públicas de alcançar 
      a eficácia. Ao expor a existência de duas redes de ensino - 
      as escolas que funcionam e as que não funcionam de maneira eficaz 
      - eles deixam claro que essa diferença não pode ser explicada 
      pela pobreza dos que freqüentam a escola pública: "Ela 
      existe porque reproduz, com fidelidade, o tratamento desigual reservado 
      aos brasileiros de diferentes condições sociais", afirmam. 
      
      
      Para a realização de A escola vista por dentro foram 
      realizadas entrevistas, analisados planos de aulas, planos de desenvolvimento 
      escolar (PDEs), e aplicados questionários em uma amostra de 148 estabelecimentos 
      estaduais e municipais das redes pública e privada em todo o país.
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