
IBGE / Statistics Canada
Sumário das Recomendações do Relatório sobre a "Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística".
Missão do Statistics Canada, 26 de agosto a 9 de setembro,
1994. Jacob Ryten (Presidente) John Coombs, David Croot, Shaila Nijhowne, Martin
Podehl, Lee Reid.
Apresentação
Introdução
O Statistics Canadá quinze
anos atrás
O IBGE nos olhos dos canadenses
Uma palavra sobre as conclusões
gerais
Soluções
Uma
palavra sobre os principais instrumentos de ação do Statistics Canada
Sumário das recomendações
Apresentação
Entre os dias 26 de agosto e 9 de setembro de 1995 o IBGE recebeu a visita
de uma missão de alto nível do Statistics Canada, o instituto de estatística
canadense, com o objetivo de proceder a uma avaliação global das atividades
do IBGE, fazer sugestões, e discutir as possibilidades de colaboração de
longo prazo.
O Statistics Canada é considerado um dos institutos de estatística mais
competentes que existem. O IBGE tem mantido contatos com o Statistics Canada
em várias áreas, e contado sempre com sua boa vontade na transferência de
conhecimentos e na troca de experiências.
Esta missão foi o resultado de uma visita feita pelo Presidente do IBGE
à sede do Statistics Canada no mês de julho, para tomar contato com o congênere
canadense e examinar as perspectivas de cooperação. Na preparação desta
viagem, uma carta enviada ao Statistics Canada pela presidência do IBGE
consultava sobre a "possibilidade de um grupo de peritos vir ao Brasil para
uma primeira avaliação do IBGE, e esboçar os termos de um projeto de cooperação
a longo prazo. Acredito que esta missão deveria discutir a atual agenda
de pesquisas do IBGE (na área demográfica, econômica, social, educacional
e institucional), as metodologias utilizadas para o levantamento e o processamento
de dados em grande escala, modalidades de disseminação de resultados, sistemas
computacionais e outros recursos técnicos, e o marco institucional e organizacional.
Este trabalho deveria resultar em um relatório com sugestões de mudanças
e o esboço de um projeto de cooperação de longo prazo".
A receptividade a esta proposta foi a melhor possível, e o Dr. Ivan Fellegi,
Estatístico Chefe do Canadá, se dispôs a organizar a missão exatamente com
estes objetivos. O custo da vinda da equipe canadense, de aproximadamente
60 mil reais, foi coberto com recursos do IBGE.
O relatório da missão canadense, cujo sumário faz parte desta publicação,
corresponde com sobras à expectativa, e confirma a extraordinária reputação
internacional do Statistics Canada. Trabalhando intensamente durante duas
semanas, em contato com os técnicos do IBGE nas diferentes áreas, os técnicos
do Statistics Canada identificaram as principais qualidades e pontos problemáticos
do IBGE, fizeram sugestões práticas para a melhoria em todos os setores,
que vão desde medidas de curto prazo, algumas das quais já em andamento,
até projetos de transformação de longo prazo, e reiteraram sua disposição
de colaborar com o IBGE para a implementação destas e de outras medidas
que consideremos necessárias.
A visão que os técnicos do Statistics Canada têm do IBGE, os principais
problemas diagnosticados, e os caminhos apontados para sua solução, confirmam
e aprofundam o entendimento da atual direção do IBGE sobre a instituição.
É necessário levantar a moral dos técnicos do IBGE, melhorar as comunicações
internas, consolidar os apoios externos, introduzir uma consciência de custos,
desenvolver uma política ativa de desenvolvimento de recursos humanos, difundir
o acesso a meios computacionais modernos, aumentar a eficiência, reduzir
os prazos de processamento e divulgação dos resultados das pesquisas, e
difundir melhor os resultados de nossos trabalhos. É necessário, em uma
palavra, mudar a cultura da instituição, de maneira a torná-la mais orientada
para a qualidade, para a valorização técnica de seus pessoal, para o uso
eficiente dos recursos, o cumprimento de prazos e o pronto atendimento aos
usuários Muitas destas dificuldades decorrem de restrições externas que
o IBGE não tem como alterar a curto prazo. Mas há muito a fazer internamente,
e, na medida em que o funcionamento interno da instituição melhore, haverão
mais condições para conseguir os recursos financeiros e institucionais necessários
para ir mais adiante.
Nos próximos meses, as idéias e propostas da missão do Statistics Canada
serão objeto de intensa análise e discussão em todos os setores do IBGE,
e, na medida do possível, a Direção dará início à implementação das principais
medidas propostas. A publicação deste sumário é o segundo passo deste processo
de exame e discussão, que já teve início com os contatos entre os técnicos
do IBGE e os membros da missão canadense. Infelizmente, o Statistics Canada
não possui um setor de geografia comparável ao do IBGE, e a missão canadense
não fez recomendações sobre este importante setor do IBGE. Mas as recomendações
de cunho geral valem para todas as áreas, e um diagnóstico semelhante a
este, para a área de geociências, deve ser feito no futuro próximo.
Rio de Janeiro, Setembro de 1994
Simon Schwartzman
Presidente
Introdução
O Statistics
Canadá quinze anos atrás
Em 1979, o Statistics Canadá passou por um período de grandes dificuldades
internas e externas. A produtividade e o moral dos funcionários diminuíram, e
a credibilidade ante os usuários de seus produtos chegou a um nível muito baixo.
O Governo do Canadá começou a se perguntar, de público, se seria possível manter
a instituição intacta um centro efetivo de coleta e processamento de estatísticas
econômicas e sociais de importância vital para o governo e para os canadenses
como um todo. Mas, em 1993, a revista inglesa The Economist, avaliando
as instituições estatísticas dos países do OECD, atribuiu ao Statistics Canada,
pela segunda vez, a posição de agência estatística líder no mundo.
Como todas as mudanças desta magnitude, a sorte ajudou, mas não foi somente
isto. Várias iniciativas desenvolvidas pelos funcionários e pela liderança
do Statistics Canada fizeram esta mudança possível de fazer e sustentar.
Como resultado, os dirigentes da agência sabem hoje quão frágil uma instituição
pode ser ante ameaças externas, e que mecanismos devem ser permanentemente
invocados para impedir que estas ameaças afetem seu prestígio e sua integridade.
É este conhecimento, mais do que qualquer outro, que os membros da missão
canadense trouxeram para o IBGE, e que permeia suas conclusões e recomendações.
O principal recurso de qualquer instituição são suas pessoas - sua dedicação
e lealdade, entendimento dos propósitos da instituição a que servem, disposição
para se ajustar a diferentes circunstâncias internas e externas, e sobretudo
sua consciência profissional, que conduz a um trabalho objetivo e imparcial,
e preserva sua instituição de interferências externas. Se não fosse isto,
o Statistics Canada não estaria aonde está hoje. Os membros da missão canadense
estão convencidos de que o IBGE pode contar com o profissionalismo de seus
funcionários, que são leais e dedicados, interessados em melhorar sua instituição,
e abertos para aprender de outros a melhor maneira de realizar esta melhora.
É destas pessoas que o sucesso de mudanças futuras vai depender.
O principal objetivo da missão canadense foi entender as circunstâncias
atuais que afetam as diversas áreas de atuação do IBGE. Os membros da missão
encontraram em seus colegas brasileiros pessoas abertas, receptivas e capazes
de trabalhar intensamente. Apesar de eventuais problemas de motivação, sua
lealdade ao IBGE aparece claramente como sua preocupação central. Os membros
da missão notaram também que nenhum de seus colegas brasileiros entendia
que o papel de uma agência de estatística pudesse ser entendido de forma
distinta daquela que prevalece no Canadá - como instituição objetiva e imparcial,
científica em seus objetivos e nos meios utilizados para alcançá-los.
(Este sumário não inclui as recomendações relativas às estatísticas econômicas,
que estão tratadas em detalhe no texto completo em inglês).
O IBGE nos olhos dos canadenses
Os membros da missão canadense concluíram que suas impressões coincidiram
a respeito de vários pontos essenciais, que todos consideraram importantes para
a sobrevivência e o funcionamento adequado de uma agência estatística governamental.
Eles encontraram no IBGE:
- um baixo nível de motivação por parte das pessoas entrevistadas;
- a falta de um bom sistema de comunicações internas, particularmente entre
as diferentes diretorias e setores da agência;
- a falta de uma consciência de custos, e de informações sobre custos;
- a falta de uma rede bem desenvolvida de contatos com usuários qualificados
de dados estatísticos;
- a falta de uma tradição de criação de grupos de trabalho interdisciplinares
eficazes;
- a relutância em assumir novas responsabilidades e responder pelo resultado
do trabalho;
- ausência de compromissos com prazos;
- dificuldades em mobilizar recursos internos para fazer frente a desafios
externos.
O propósito deste relatório é examinar como estes fatos afetam as diferentes
áreas, e fazer sugestões concretas para melhorar a situação atual, tanto
a curto quanto a longo prazo. Estas sugestões são de diferentes tipos. Primeiro,
existem sugestões que podem ser implementadas pelo IBGE de forma
imediata, sem recursos adicionais e a curto prazo. Estas sugestões
são as mais interessantes, ainda que possam trazer alguns choques em relação
a tradições e rotinas entranhadas.
Segundo, existem sugestões de médio prazo que também podem
ser realizadas internamente pelo IBGE, e que dependem de um processo cumulativo
baseado na continuidade de propósitos e perseverança ante desafios e dificuldades
que se repetem.
Depois, existem contribuições que podem ser feitas pelo Statistics
Canada, algumas das quais não requerem financiamento adicional,
e outras que requerem. Entre as primeiras estão todo o tipo de ajuda que
o Statistics Canada possa dar através de sua extensa rede de contatos, e
através de documentos e software que tenha produzido e testado nos trabalhos
de campo. Isto inclui o apoio que o Statistics Canada possa dar para ajudar
o IBGE a solicitar apoio financeiro de agências internacionais das quais
o Statistics Canada é membro.
Entre as segundas estão as missões de consulta do Statistics Canada,
seus cursos de treinamento, e sua capacidade de formar treinadores,
e receber estagiários e visitantes por longos períodos, proporcionando-lhes
as melhores condições para o trabalho de pesquisa nas ciências sociais.
Seja qual for a política que o IBGE adote, e sejam quais forem suas limitações
orçamentárias, os membros da missão acreditam que todos os esforços devem
ser orientados para:
- a melhoria das comunicações internas, para desenvolver uma força
de trabalho coesa;
- o desenvolvimento de uma consciência de custos e de informações
sobre custos, de tal forma que os recursos possam ser alocados racionalmente;
- o desenvolvimento de uma orientação para o cliente, de tal forma
que o IBGE possa desenvolver e fortalecer sua relevância. credibilidade
e efetividade.
Uma palavra sobre as
conclusões gerais
Existem coisas que podem parecer óbvias para quem trabalha há mais
de quinze anos no Statistics Canada, mas que não são tão óbvias para quem está
fora. A prática mostra que os trabalhos de estatística, diferentemente da pesquisa
acadêmica de muitas atividades artísticas, são o resultado de esforços
multidisciplinares bem disciplinados e coordenados. A evidência sugere
que o IBGE ainda não tem consciência plena desta necessidade. A experiência nos
ensinou que o hábito de trabalhar em grupo não pode ser desenvolvido sem um compromisso
com o desenvolvimento de boas comunicações - mantendo todos bem informados, para
cima e para baixo na hierarquia, e também para os lados; e sem o hábito de trabalhar
sob a liderança de um gerente de projeto competente, que tenha adquirido a confiança
de todos, que seja capaz de liderar, decidir e equilibrar as opiniões em conflito,
sem ser necessariamente o superior hierárquico dos demais membros do grupo.
Statistics Canada também observou em sua experiência, sem surpresa, que
as pessoas são motivadas por recompensas, e desestimuladas pelos custos.
Se as recompensas não existem e os custos são desconhecidos, é bastante
provável que comportamentos perversos sejam estimulados. Por esta razão
o Statistics Canada desenvolveu uma cultura de consciência de custos
que não tem correspondência no IBGE. Se esta cultura não for desenvolvida
passo a passo, existe grande risco de que os recursos sejam mal utilizados
e mesmo desperdiçados, com todas as penalidades que decorrem do manejo inadequado
de recursos escassos.
Statistics Canada também observou que quando uma agência estatística passa
por uma crise ela necessita de aliados - pessoas que têm consciência de
seu valor de longo prazo, e de seu potencial para contribuir para a sociedade
na qual ela existe. Manter uma rede de aliados externos
toma tempo e esforço, porque eles precisam ter boas razões e interesses
para defender a causa da agência. Ainda que não tenhamos dúvida de que o
IBGE conta com apoios externos, não vimos, durante nossa estadia, evidência
de que exista uma rede de contatos externa de que seja bem mantida e cuidada.
Aliados defendem a integridade das instituições, e a auxiliam em decisões
sobre prioridades em conflito. Quando os aliados não podem ser mobilizados,
perdem-se conselhos preciosos em momentos de difíceis decisões.
Finalmente, a experiência do Statistics Canada mostra que a credibilidade
e a efetividade de uma agência estatística só pode ser mantida se ela tiver
uma consciência de serviços, e cultivar os interesses e
as preocupações de seus clientes. Isto significa estar atento às preocupações
dos clientes; ir de encontro a suas necessidades cambiantes a tempo e a
hora; e ajustar de forma adequada os meios necessários para atingir os fins
necessários. Esta cultura não parece ter sido desenvolvida no IBGE.
Soluções
Soluções não serão encontradas da noite para o dia. O Statistics
Canada precisou de muito mais tempo para implementar do que para identificar
seus problemas, porque instituições de grande porte como o Statistics Canada
e o IBGE têm interesses criados em seu interior, que tendem a resistir às
mudanças. Mas no Statistics Canada aprendemos que nunca encontraríamos soluções
se partíssemos do princípio de que todos os problemas vinham de fora, como
a imprevisibilidade de recursos ou o não reconhecimento do valor de nosso
trabalho. O teste de uma solução realmente criativa é que ela possa melhorar
as coisas mesmo quando as circunstâncias externas são desfavoráveis.
Seria naturalmente desejável, e provavelmente essencial, que a instituição
pudesse ter uma garantia de estabilidade de sua direção superior.
Mesmo as instituições mais robustas requerem uma liderança que mantenha
uma orientação clara e com continuidade. É também fundamental que uma instituição
de estatística seja completamente livre de interferência política
e de comentários que a desqualifiquem, seja na realidade, seja
na percepção do público. Mas estas são coisas sobre as quais só a autoridade
governamental pode controlar. O melhor que a instituição pode fazer é enfatizar
a importância destas duas condições, e mostrar como elas servem à causa
da existência de informações objetivas, imparciais e confiáveis, nos países
em que elas existem.
Os textos deste relatório incluem um grande número de sugestões. A maioria
delas foi aplicada por Statistics Canada, e funcionaram. Elas visam promover
a comunicação, a consciência sobre custos, estimular contatos com os usuários
dos dados, estimular o uso de novas tecnologias, aumentar a motivação e
as esperanças dos técnicos e funcionários, e, de maneira geral, promover
o uso mais racional dos recursos. Elas podem ser mais detalhadas se o IBGE
o desejar, uma vez que elas se apóiam em documentos detalhados, e elas podem
ser também objeto de treinamentos especiais que o Statistics Canada está
em condições de prover. Seu objetivo não é concluir o trabalho da missão,
mas dar início a um diálogo que possa ajudar o IBGE a se tornar uma instituição
mais robusta e eficiente.
Uma
palavra sobre os principais instrumentos de ação do Statistics Canada
Estes instrumentos incluem o sistema de planejamento e orçamentação
(existem cursos sobre isto); a rede de comitês assessores internos e externos
(existe ampla documentação sobre mandatos, responsabilidades e composição); a
política de formação de recursos humanos e o Instituto de Treinamento do Statistics
Canada (a documentação está disponível); e finalmente o sistema que o Statistics
Canada desenvolveu para cuidar de seus novos contratados, para que eles possam
ser treinados e desenvolver sua competência de forma adequada, e compensar a Instituição
na forma de carreiras profissionais efetivas e produtivas.
Alguns destes mecanismos só funcionam em seu próprio solo; outros podem
ser facilmente adaptados com poucas modificações. O importante é que os
técnicos do Statistics Canada garantem estes mecanismos, estão prontos para
supervisar sua adaptação e instalação.
Sumário
das recomendações
As recomendações que se seguem resultaram de nossas discussões, conclusões
e avaliação das potencialidades e vulnerabilidades encontradas nas situações
que examinamos. Elas incluem recomendações sobre as pesquisas sociais (seção
III), informática (seção IV), comercialização e disseminação (sessão V),
e treinamento (seção VI),. As recomendações sobre as estatísticas econômicas
(seção II) são objeto de um exame mais amplo de diferentes opções, e não
estão incluídas neste sumário. Elas devem ser lidas em seu próprio contexto,
como parte integral da seção II.
Algumas das recomendações representam a visão que temos sobre como problemas
similares seriam tratados no Canadá. Outras são conclusões que os técnicos
do IBGE já tinham identificado, e que a missão deseja confirmar. Em todos
os casos, a missão assume total responsabilidade por todas as recomendações,
e por isto nenhum autor é mencionado especificamente.
Recomendações: Estatísticas
sociais
Contagem de população de 1996
1. Para minimizar o risco e assegurar que os dados estarão disponíveis em
tempo, o projeto de um contagem populacional em 1996 com informações mínimas
deveria ser aprovado tão logo fosse possível.
O processamento do questionário ampliado do Censo de 1991 (C02) está começando
agora. Se as expectativas sobre este processamento se cumprirem, os resultados
estão disponíveis em meados de 1995. Isto pode deixar pouco tempo e recursos
para a preparação da contagem populacional de 1996. O objetivo atual de
limitar o conteúdo desta contagem (provavelmente só as informações sobre
idade e sexo) devem ser oficializados no planejamento desta iniciativa.
A experiência do Canadá mostra ser útil ter, para os censos populacionais,
um livro oficial com os supostos de planejamento mais importantes, que possa
dar forma ao planejamento detalhado do conteúdo e das operações do censo.
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
2. Recomenda-se que o conteúdo atual da PNAD não seja alterado, de tal forma
que o sistema de processamento utilizado para a PNAD 1992 possa ser usado
novamente sem mudanças significativas. Se for absolutamente necessário reduzir
o conteúdo, a pesquisa não deveria ir a campo sem que os
sistemas de processamento tenham sido plenamente desenvolvidos e testados.
Existe um projeto de reduzir o conteúdo da PNAD para 1995, de tal forma
a tornar o questionário mais simples para os respondentes. Dada a experiência
de processamento da PNAD 1992, existe uma preocupação sobre o tempo que
será necessário para adaptar os sistemas a este conteúdo mais reduzido.
Pesquisa Mensal de Emprego
3. O plano de expandir a pesquisa para mais três áreas metropolitanas e
para o Distrito Federal deve ser implementado o mais depressa possível.
A inclusão de todos os municípios de mais importância deve ser considerada
como um objetivo estratégico importante para o IBGE.
Por causa de seu tema e da velocidade em que é processada, a Pesquisa Mensal
de Emprego é um dos produtos mais importantes do IBGE. Hoje ela cobre as
áreas metropolitanas mais importantes, ou 27% da população (aproximadamente
70% da população vive em áreas urbanas).
Pesquisa de Orçamentos Familiares
4. Dada a rapidez com que se alteram os padrões de gasto familiar na economia
brasileira, deve-se examinar a possibilidade de realizar a pesquisa de orçamento
familiar mais freqüentemente, mesmo que isto leve a uma redução significativa
do tamanho das amostras.
A pesquisa de orçamento familiar é feita cada cinco anos, e por isto ela
pode deixar de captar importantes alterações nos padrões de consumo como
resposta, por exemplo, à desvalorização da moeda. Isto pode ter um impacto
importante para a elaboração dos índices de preços, e conseqüentemente sobre
a política salarial.
Conflitos no uso dos recursos de informática
5. Os programas de pesquisa devem incluir uma consideração explícita sobre
o impacto dos projetos estatísticos sobre a capacidade do setor de informática
em diversos pontos no tempo (veja a seção sobre informática para uma discussão
maior a respeito).
O problema potencial mais imediato é a disputa por recursos computacionais
que pode vir a existir em 1995 para o processamento do suplemento C02 do
Censo Demográfico de 1991, da pesquisa de orçamento familiar, do censo agrícola
e do censo econômico, principalmente se este último não for muito simplificado.
Pesquisa de mensuração de padrões de vida (SLMS)
6. Alta prioridade deve ser dada às negociações com o Banco Mundial sobre
seu apoio para a realização da pesquisa de mensuração de padrões de vida
(Standards of Living Measurement Survey, SLMS). Se necessário, o Statistics
Canada pode ajudar o IBGE para a elaboração da proposta de trabalho, avaliando
a oferta do Banco Mundial e o "pacote" que é oferecido para desenvolver
o trabalho.
Se aprovada, esta pesquisa proporcionará uma fonte atualizada de dados sócio-demográficos
que ou não existem, ou existem somente, com bastante atraso, a partir do
censo populacional e da PNAD. A pesquisa é importante também porque ela
pode proporcionar uma fonte integrada de informações sobre diferentes temas,
ao invés de informações semelhantes extraídas de diferentes amostras de
indivíduos. Como as entrevistas, o processamento da pesquisa e a análise
são feitas com microcomputadores, esta iniciativa, se aprovada, poderá dar
ao IBGE um teste piloto para avaliar o uso de soluções computacionais orientadas
para o usuário nas pesquisa sociais.
Existe preocupação quanto à adequação do conteúdo de uma pesquisa concebida
e aplicada em países africanos para uso no Brasil. Esta recomendação parte
do princípio de que modificações e adaptações deverão ser feitas na medida
do necessário. A primeira prioridade é que a pesquisa seja uma fonte
efetiva de informações sócio-demográficas que sejam úteis e relevantes.
O uso da pesquisa como uma demonstração de novos procedimentos de computação
deve ser um objetivo claramente secundário.
Recomendações: informática
Vulnerabilidades importantes requerem mudanças no IBGE como um todo, e não
serão tratadas nesta seção. As recomendações abaixo se referem a tópicos
sobre os quais mudanças podem ser introduzidas desde já, de forma incremental.
Implementar um sistema de contabilização de custos
1. Isto é necessário para todo o IBGE, e deve incluir todos os custos. Entretanto,
enquanto isto não ocorre, a Diretoria de Informática deve desenvolver seu
próprio sistema, e começar a fazer com que os usuários tenham consciência
dos custos dos serviços que proporciona. Inicialmente, as 'contas" devem
ser encaminhadas aos usuários pelos técnicos mais graduados da DI, e os
conteúdos explicados e discutidos. Todas as ações devem ser negociadas,
e isto requer algum tipo de mecanismo, como por exemplo reuniões semanais.
2. Em seguida à recomendação n 1, devem ser introduzidas recompensas
para comportamentos que reduzam os custos, como o uso noturno do computador
central. Isto ajudará a tornar o computador central mais disponível para
participação em desenvolvimentos de tipo cliente/servidor. Veja o ítem 7
abaixo.
Treinamento
3. Desenvolver, em colaboração com outros setores do IBGE, um programa
sistemático de treinamento para profissionais de informática. Isto
é útil para desenvolver competências, e também como fator de motivação.
Isto ajudará a desenvolver a capacidade de absorver novas técnicas, dependo
das opções pedagógicas que forem feitas.
A adoção de novas tecnologias podem trazer benefícios importantes para o
IBGE como um todo, mas isto dependerá em grande parte da capacidae que os
técnicos tenham de implementar e apoiar a utilização destas tecnologias.
Projetos conjuntos (co-locação)
4. Propostas devem ser feitas a diferentes usuários para que utilizem de
forma conjunta as equipes técnicas do Departamento de Atendimento da Diretoria
de Informática (DEATE). Isto deve incluir tanto atividades de desenvolvimento
quanto projetos de apoio. As propostas devem surgir de negociações com os
usuários sobre os objetivos a serem obtidos em conjunto, e incluir mecanismos
de acompanhamento periódico, para verificar os progressos que estão sendo
realizados em prol dos objetivos comuns. Um objetivo importante desta proposta
é estimular um espírito de trabalho conjunto, objetivos compartidos, e responsabilidade
mútua pelos resultados.
Relações com os clientes
5. Designar um técnico sênior da DI para se responsabilizar pelas relações
entre a DI e cada um de seus clientes. Pode ser alguém do DEATE, ou um grupo
separado, mas deve cobrir TODOS os serviços da DI. O papel mais importante
deste responsável será identificar as necessidades gerenciais do projeto,
e usar todo seus esforços para criar uma estrutura adequada de gerência
de projetos em todas as atividades de desenvolvimento.
Gerência de Projetos
6. A Diretoria de Informática precisa se converter aos padrões organizacionais
de gerência de projetos, a começar por uma definição formal de todos
os seus projetos atuais e futuros. Isto permitirá avaliar com clareza o
impacto dos novos projetos, e a clarificação e confirmação dos projetos
correntes. Os elementos mínimos para a fase de definição de um projeto são
(veja o folheto sobre gerência de projetos):
- descrição dos objetivos do sistema proposto;
- estimativa inicial de custos, tempo e recursos necessários;
- registro da autorização formal para dar início ao projeto.
Computação Cliente / Servidor
7. Dar início a um programa de desenvolvimento de computação Cliente/Servidor
(C/S) baseado em padrões internacionais, tão rapidamente quanto o orçamento
permita.
Este programa não deve ser entendido como uma proposta radical de "jogar
fora o mainframe, e atirar na direção oposta", mas uma busca sistemática
de aplicações que possam ser implementadas de forma mais eficiente em ambientes
C/S. O computador central deve continuar como o lugar para o armazenamento
de dados, para o processamento "back-end" dos principais surveys, e ser
também a base para a manutenção da segurança e da confidencialidade dos
dados em todo o sistema.
Novos sistemas, usando sistemas operacionais como o UNIX, e sistemas desktop,
usando UNIX, Windows e NT, podem aumentar muito a produtividade em processamentos
interativos, como por exemplo na análise de dados, Computer Assisted Software
Engineering (CASE) e aplicações pessoais. No Statistics Canada, assim como
em muitas outras organizações, a mudança para estas modalidades de computação
desenvolveu a cultura computacional em toda a agência, expandiu o uso de
softwares adquiridos no mercado, e aumentou em muito a amplitude de opções
técnicas para cada aplicação. A Divisão de Desenvolvimento de Sistemas passou
a se orientar para o desenvolvimento de sistemas integrados, ou seja, a
montagem de sistemas que, embora totalmente individualizados em sua configuração
final, incluem componentes comprados, desenvolvidos internamente, ou readaptados
de outros sistemas.
As novas instalações devem ser desenvolvidas inicialmente em cada local,
para evitar as incertezas dos sistemas de telecomunicação, mas com recursos
para comunicações entre os diferentes locais. Mangueira deve ter prioridade;
é essencial que o computador central seja, desde o início, uma parte vital
no ambiente Cliente/Servidor do IBGE.
8. Iniciar negociações com clientes selecionados em Mangueira para a instalação
de sistemas Cliente/Servidor. Estas negociações devem incluir:
- as aplicações (e os componentes) a serem instalados, e seu relacionamento
com o computador central;
- uma fase de iniciação de definição do projeto de conversão/instalação;
- uma definição das responsabilidades da Diretoria de Informática e
os clientes.
Custos do Computador Central
9. Todos os custos dos serviços proporcionados pelo computador central devem
ser examinados. Esta avaliação deve incluir o trabalho de técnicos não envolvidos
diretamente com o serviço, a avaliação das alternativas de compra, no lugar
do aluguel do equipamento, e uma estimativa de possíveis economias derivadas
de diferentes procedimentos de compra de serviços e equipamento.
Recomendações: Disseminação
Base de dados de planejamento
1. Uma base de dados de planejamento deve ser totalmente desenvolvida
e colocada em operação. Sob a direção do CDDI, um plano anual de publicações
deve ser definido e negociado com a Diretoria de Pesquisas. Mudanças nos
planos e nas prioridades devem também ser negociadas entre as diretorias.
2. A base de dados de planejamento deve ser a base operacional de acompanhamento,
na qual sejam incluídas as dadas de conclusão dos projetos, assim como
outras informações que possam diferir do planejamento inicial.
Micro-computadores
3. Na medida em que existirem recursos, novos micro-computadores
devem ser adquiridos para os trabalhos de publicação.
Contabilidade de custos
4. A contabilidade de custos deve ser introduzida, de tal forma que os custos
de cada publicação sejam registrados. Estes custos podem ser diretos ou
indiretos, referidos a salários ou a outros dispêndios. Alguns custos podem
ser medidos diretamente, outros devem ser imputados de acordo com determinadas
fórmulas. O registro de custos permite examinar o desempenho de cada publicação
(custos e rendimentos), e serve de base para decisões sobre reduções globais
de custo.
5. O CDDI deve desenvolver relatórios de desempenho de custos e rendimentos
para cada publicação, e colocá-los à disposição dos autores.
Publicações
6. Livrarias devem poder escolher entre dois tipos de descontos. Um desconto
menor se elas puderem devolver estoques não vendidos ao CDDI, e descontos
maiores se as publicações forem pagas no momento da encomenda.
7. É necessário averiguar porque a venda atual de publicações é tão pequena.
Esta avaliação de produtos e do mercado deve ser feita em cooperação com
a diretoria de pesquisas.
8. O IBGE deve definir uma "política de publicações" e definir metas de
custo e rendimentos para o programa editorial como um todo. Esta política
deveria definir o que constitui um bem público (de livre acesso para todos
os cidadãos), e qual deve ser o objetivo de geração de rendas (por exemplo,
a renda de todas as publicações deveriam cobrir os custos de produção a
partir dos originais entregues à CDDI).
9. As publicações por Xerox devem ser feitas de forma consistente,
com capas padronizadas e referência explícita ao IBGE como fonte. Os preços
devem ser aumentados.
SIDRA
10. O sistema SIDRA deve ser definido com um produto estratégico
e receber recursos adequados para seu desenvolvimento e operação. Atenção
especial deve ser dada à atualização dos dados (dados corretos e recentes)
e facilidades de acesso à base de dados (velocidade de resposta).
11. Deve haver uma estratégia de disseminação que faça com que
outros serviços de informação, dentro e fora do IBGE, não prejudiquem o
rendimento potencial do SIDRA.
12. É necessário averiguar se companhias privadas de venda de informação
poderiam estar interessadas em distribuir os dados do SIDRA sob contrato
com o IBGE. Estas companhias tendem a ser canais de distribuição muito efetivos.
Elas têm a infra-estrutura (hardware, software, redes, apoio) e podem colocar
informações adicionais no mercado com bastante facilidade (a série temporal
CANSIM do Statistics Canada é distribuída por sete companhias, como a Reuters
e a DRI).
Tabulações Especiais
13. Serviços de atendimento a solicitações de tabulações especiais devem
ser reintroduzidos em cooperação com a Diretoria de Pesquisas e a Diretoria
de Informática. Uma política geral de preços e mecanismos de atendimento
devem ser definidos.
Recomendações: Treinamento
No IBGE, hoje, o corpo técnico e profissional é limitado, não existem novas
contratações, e o orçamento é decrescente. Como a direção não pode alterar
as condições externas, ela deve buscar outros incentivos para seu pessoal.
Estes incentivos podem incluir uma carreira mais variada, e melhor treinamento,
mesmo se este treinamento possa levar a salários mais altos, ou à perda
de pessoal para o setor privado. É essencial que algo seja feito. Caso contrário,
os técnicos ficarão inativos, enquanto que o Instituto irá perdendo recursos
humanos ano após ano, mesmo que suas responsabilidades de trabalho continuem
aumentando.
O treinamento deve ser visto como uma prioridade estratégica, para:
- gerenciar os recursos financeiros e humanos de forma mais eficiente;
- melhorar a produtividade do quadro técnico;
- melhorar a versatilidade do quadro técnico, permitindo que as pessoas
sejam utilizadas aonde elas sejam mais necessárias, e sendo capazes
de tomar decisões com maior competência;
- proporcionar uma oportunidade para os funcionários de diferentes
setores do Instituto se encontrarem em um ambiente de treinamento para
trocarem idéias e experiências.
As recomendações que se seguem são baseadas em medidas bastante práticas
utilizadas pelo Statistics Canada nos últimos cinco anos, para tratar com
assuntos de natureza semelhante. A experiência mostrou que elas tiveram
sucesso. É necessário uma certa dose de paciência no início, para que as
coisas comecem a funcionar bem. É importante ter alguns sucessos iniciais,
para ganhar momentum e reduzir a sensação de que nada pode ser feito. O
IBGE deveria, no próximo ano, dar início às seguintes atividades:
Organização gerencial
1. Preparar e distribuir um texto explicitando as intenções a respeito do
treinamento de pessoal no IBGE.
2. Identificar um dirigente sênior da área fim e dar-lhe a responsabilidade
de determinar as necessidades de treinamento prático. Esta pessoa é o "líder
do produto".
3. Estabelecer uma Comissão de Treinamento que informe trimestralmente ao
presidente sobre os planos e o progresso realizado. A escolha cuidadosa
dos membros desta comissão é tão importante quanto sua autoridade para agir.
Esta comissão poderia ser presidida pelo Diretor de Pesquisa com a participação
de técnicos sênior da ENCE, Recursos Humanos, de uma diretoria regional,
da CDDI, da Diretoria de Informática, pelo "líder do produto" e outros que
sejam necessários. É importante que estas pessoas tenham responsabilidades
executivas, e não sejam somente pessoas em atividades de planejamento. Funcionários
de áreas administrativas devem participara para dar apoio e implementar
as decisões da comissão.
O mandato da comissão deve incluir:
- a alocação de recursos para treinamento;
- a definição de prioridades de treinamento;
- coordenar e integrar as atividades de treinamento;
- estabelecer um conjunto de princípios para clarificar os objetivos
do treinamento;
- desenvolver um plano geral esboçando os requerimentos de conhecimento
e de habilidades requeridas para cada tipo principal de atividade;
- desenvolver a filosofia segundo a qual todos os profissionais da
casa são, em princípio, um recurso educacional a ser utilizado pelo
Instituto, dando treinamento prático para tantas pessoas quanto possível.
A implementação desta medida criará uma estrutura gerencial necessária para
fortalecer o processo decisório, e fará com que os diretores responsáveis
pelas áreas tenham suas necessidades levadas em conta na definição de prioridades
e dos cursos a serem oferecidos.
Introdução ao Treinamento Prático
4. 0 passo inicial é equilibrar o currículo através de um curso de Técnicas
de Pesquisa semelhante ao curso de 6 semanas dado no Statistics Canada.
Este curso deve ser dado por uma equipe de quadro especialistas em pesquisa
trabalhando em conjunto com os professores da ENCE para garantir a relevância
e o compromisso de todos com a tarefa. Este é um passo muito importante,
que sinalizará o sentido prático da nova política de treinamento. Se implementado
dentro de seis meses, ele dará a mensagem correta para os técnicos e outros
dirigentes do Instituto. Ao mesmo tempo, como prioridade, pequenos cursos
introdutórios de métodos de pesquisa, elaboração de questionários e amostragem
são exemplos de cursos a serem oferecidos pelos pesquisadores para suas
equipes. Este cursos não precisam ser sofisticados, mas devem ser úteis.
5. Desenvolver em colaboração com o Statistics Canada um curso de gerência
de projeto especialmente desenhado para as necessidades dos dirigentes do
IBGE em todos os níveis.
6. O IBGE deve enviar ao Statistics Canada representantes com a função de
examinar suas práticas de comunicação interna e externa e mecanismos tais
como relações com a imprensa, processos decisórios, incluindo estruturas
de gerenciamento e consultiva, e finalmente o processo institucional de
planejamento.
7. A longo prazo, o IBGE deve proporcionar treinamento prático não somente
para os que possam utilizar melhor e mais rapidamente o treinamento recebido,
mas também para muitas pessoas em áreas tais como
- técnicas de pesquisa para pessoal júnior;
- treinamento em software de micro-computadores, na medida em que as pessoas
recebam novos equipamentos;
- marketing, para as pessoas da área de disseminação.
8. Atividades correlatas
A Comissão de Treinamento deve examinar os benefícios de um programa formal
de realocação de pessoal semelhante ao Corporate Assignments Program do
Statistics Canada. Este programa estimula a mobilidade, aumentando as habilidades
e desenvolvendo os conhecimentos dos técnicos, proporciona flexibilidade
na movimentação de recursos humanos para as áreas em que eles são mais necessários,
produz variedade, e aumenta a motivação do pessoal.
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