A questão das cotas raciais

A decisão unânime do STF em favor das cota raciais no ensino superior confirma, infelizmente, a tradição brasileira de dar soluções aparentemente simples e populares a questões complexas e difíceis, como são as da má qualidade e inequidade no acesso à educação no Brasil. Decisões do STF são para ser acatadas, claro, mas ninguém fica obrigado a concordar com elas. Escrevi um texto em 2008 aonde mostro como esta política de cotas é, no mínimo inóqua e potencialmente prejudicial, que está disponível aqui., e acho que continua válido.

Um argumento curioso que se ouve com frequencia a favor das cotas é que o desempenho dos alunos que entram nas universidades por este sistema tende a ser igual ou melhor do que dos que entram pelos procedimentos normais. É curioso porque, se eles têm realmente melhor desempenho, não precisariam das cotas para ser admitidos.  Se eles têm pior desempenho nos vestbulares ou no ENEM mas têm melhor desempenho nos cursos, isto indica que existem sérios problemas no ENEM e nos exames vestibulares, que precisariam ser corrigidos. Problemas deste tipo certamente existem, mas não há evidência de eles consistam em discriminar sistematicamente contra pessoas de pele escura. Para entender melhor o que está ocorrendo seria preciso observar se a baixa correlaçao entre resultados dos exames de ingresso e desempenho se dá igualmente em todos os  níveis ou somente nos cursos de níveis de exigência mais baixo.

Hoje o jornal O Globo publica uma pequena entrevista minha sobre o assunto, que tanscrevo abaixo.

A cota cria situações de pessoas que se sentem discriminadas’

O Globo – 27/04/2012

SIMON SCHWARTZMAN  – O sociólogo e presidente do Conselho do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman, diz ser contra a adoção de cotas raciais em universidades. Na opinião dele, elas acabam gerando mais discriminação.

O GLOBO: Por que o senhor é contra as cotas nas universidades ?

SIMON SCHWARTZMAN: Não acho que cotas sejam uma coisa boa em geral. Considero correta a ideia de uma política de ação afirmativa que dê atendimento especial para pessoas em situação de carência. O que não acho correto é diferenciar as pessoas pela cor da pele ou pela raça.

Que medidas seriam mais adequadas que as cotas?

SCHWARTZMAN: Mais adequado seria melhorar a educação para as pessoas poderem chegar à universidade e não precisarem desse tipo de ajuda. Na falta disso, poderiam ser criados cursos que preparassem melhor para as universidades, e poderiam dar ajuda financeira para quem não tem recursos, de modo a permitir que as pessoas continuem estudando. Simplesmente criar cota e colocar a pessoa na universidade sem esse tipo de apoio, não significa que ela aproveitará. Vai ter aquela situação de o “fulano é cotista”, ou o “fulano não é cotista”. Vai criar discriminação.

Por que o senhor acha que a discriminação pode aumentar com as cotas?

SCHWARTZMAN: Quando você cria uma situação em que você divide as pessoas entre cotistas e não cotistas, você está dividindo a população e tem gente que diz “ah, o fulano entrou pela janela”. As pessoas começam a se olhar se estranhando.

Cria situações de pessoas que sesentem discriminadas, que tiveram desempenho melhor nas provas e não conseguiram entrar na universidade, como aconteceu em uma das ações em avaliação pelo STF.

Há quem diga que as cotas são uma forma de reparar um problema histórico, desde a escravidão. Como o senhor vê isso?

SCHWARTZMAN: Temos um presente extremamente complicado, com pobreza, pessoas que não completam o ensino médio ou que completam e não sabem quase nada. Parte dessas pessoas é negra, parte é branca. Temos que lidar com o problema da má qualidade de educação. Se tivéssemos uma educação de melhor qualidade, esse problema não se colocaria.

O senhor acha mais provável que o cotista abandone o curso?

SCHWARTZMAN: Pode ficar difícil para ele acompanhar, porque supõe-se que são pessoas que não têm condições de entrar pelo processo tradicional. Ou você não deixa entrar ou você deixa e dá apoio.

 

Author: Simon Schwartzman

Simon Schwartzman é sociólogo, falso mineiro e brasileiro. Vive no Rio de Janeiro

23 thoughts on “A questão das cotas raciais”

  1. Verdade, professor!Já havia notado isso. Nos cursos mais concorridos no vestibular e não há tanta discrepância de desempenho no vestibular(algumas exceções) entre quem concorre por cotas ou acesso universal, ou seja, não é tão ruim assim o nível dos candidatos, pois há uma outra distorção curiosa: os (maus) alunos do Colégio Militar e outros colégios públicos de excelência (ou únicos colégios em algumas cidades do interior) podem entrar pelas cotas.

  2. http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI2907127-EI306,00-Ipea+cotistas+tem+melhores+notas+em+universidades.html

    Seria bom se eles também divulgassem o banco de dados das pesquisas. Desconfio desses resultados, ainda mais considerando que foram divulgados por grupos pró-cotas.

    Simom,o que vc acha?Realmente, não consigo entender como um aluno evolui tanto em tão pouco tempo

    1. Realmente é dificil saber o que de fato está ocorrendo sem ver os dados com mais cuidado. Em principio, podemos admitir que, como os exames de seleção (vestibular, ENEM) não predizem exatamente o desempenho posterior dos alunos na universidade, estudantes dentro de uma faixa de resultados podem ter resultados diferentes independentemente da nota de entrada. Assim, por hipótese, se a nota de corte para medicina é 800 pontos no ENEM, como é na UFRJ, estudantes entre 750 e 850 sao todos muito bons e podem ter resultados semelhantes, e outros fatores, como motivaçao e dedicaçao ao trabalho, podem fazer a diferença. Isto é provavelmente mais acentuado nas áreas com notas de corte mais baixo, como letras, geografia e pedagogia, todas com notas de corte abaixo de 700 também na UFRJ. A média do ENEM é 500, e como a prova do ENEM é mal feita (inclusive dando um peso muito alto à redação, que é a mais dificil de pontuar), é provável que a neste segmento a correlação entre nota de entrada via ENEM e desempenho seja muito mais baixa do que nos níveis mais altos. Isto significa, por exemplo, que alunos que entraram por cotas e se dedicam mais aos estudos podem perfeitamente ter melhor desempenho do que outros que entraram normalmente mas nao têm o mesmo interesse e dedicação. Se isto é assim, é um bom argumento para nao usar as notas dos exames de seleçao como único critério para admitir os alunos na Universidade. Um outro critério, por exemplo, poderia ser a nota relativa no curso médio, ou, melhor ainda se fosse possível, o resultado de uma avaliaçao individual por entrevista. Mas nao é, certamente, uma justificativa para cotas raciais.

  3. Acredito que o argumento racialista não se aplica com facilidade ao Brasil, pois ele parece ter como uma das suas pedras de toque a crença de que, em nossas terras, foi vigente o sectarismo étnico. Entretanto, isso não corresponde à verdade e mesmo as fronteiras impostas pelo rascismo foram muito mais porosas do que em outros lugares. O rascismo não impediu que Machado de Assis fosse guindado à posição de um de nossos maiores gênios literários, sendo reconhecido já em vida. Provavelmente, no entanto, ele não teria as condições de desenvolver seu talento e seguir seu caminho se não contasse com o apoio de uma família senhorial da qual a sua era agregada. Assim como seu caso, houve uma série de outros em que negros ou mulatos ascenderam econômica e socialmente. E para aqueles que veem na “raridade” desses casos uma prova de segregação racial, convém lhes lembrar que nossa sociedade sempre impôs dificuldades tremendas de mobilidade social a quem quer que fosse. Diante disso, penso que as causas econômicas e sociais tenham maior poder explicativo do que as mitificações raciais que temos visto por aí.

  4. cotas raciais no trabalho

    É possível que haja cotas raciais para trabalhadores, diz Ayres Britto

    Após o Supremo Tribunal Federal considerar constitucionais as cotas raciais para a educação, o ministro Carlos Ayres Britto, presidente da corte, disse que as políticas afirmativas podem atingirtambém postos de trabalho. “Havendo incentivos fiscais, é possível”, disse ele nesta terça-feira (1/5). Evitando generalizações, Britto afirma que tais casos devem ser examinados individualmente, mas que o direito ao trabalho pode entrar, sim, como uma oportunidade de promover a “igualdade aproximativa” entre negros e brancos.
    http://noticias.r7.com/economia/noticias/e-possivel-que-haja-cotas-raciais-para-trabalhadores-diz-ayres-britto-20120502-2.html

  5. Ainda há uma certa confusão entre ação afirmativa e cotas.Muitas instituições públicas adotam ações afirmativas no seu processo seletivo(USP/UFF/UNICAMP), sem necessariamente adotar cotas.E os resultados são positivos e com menos polêmica.Sou a favor desse tipo de ação afirmativa.Que promove a inclusão social,sem dissociar do mérito

  6. Prezado Simon:
    Tenho uma opinião ambivalente sobre este assunto. Seus argumentos são racionais e convincentes, mas quando vejo a real exclusão de negros no topo da escalada escolar (convivi com um único colega negro no mestrado e uma, só uma, colega negra no doutorado).Assim, coloco-me ao lado de sua posição expressa ao final da entrevista supra citada-“Ou você não deixa entrar ou você deixa e dá apoio”.Pelo menos por uns tempos.Uma proposta datada
    Atenciosamente,
    Ana Maria Rezende Pinto

  7. Acho, em opinião pessoal que a questão de dívida histórica é muito falha, muitos historiadores consideram o período de imigração italiana como uma quase escravidão, quase tão ou tão ruim quanto a escravidão negra.
    Logo, eu, descendente de italianos deveria ter direito às cotas devido à essa herança cultural de até menos de 100 anos atrás?
    Eu, apesar de ser de classe baixa sou muito branco, e não raro, quase que toda semana sou abordado perto da escola por pedintes que quando recuso dar dinheiro me xingam de burguês, e ameaças são frequentes, já tive que ficar preso sem poder sair porque tinha gente me ameaçando com uma faca na porta de onde estudo, porque acharam que eu tinha cara de rico e neguei esmola a um pedinte. De uma forma ou de outra, eu (exageradamente no caso, para provar meu ponto) sofro de perseguição e preconceito.

    Eu teria direito a algo em nome de alguma dívida?

  8. Meu receiro é de que outros grupos se sintam “injustiçados” e reivindiquem seu quinhão!

    Estamos “jogando nas costas” das Universidade a responsabilidade de sanar as nossas mazelas.Será Universidade tem condições de cumprir essa agenda Maximalista?

    Como o Brasil quer entra no circuito do conhecimento e internacionalização se mérito e excelência acadêmica ficaram relegado a segundo plano?

    Que tipo de Universidade queremos??

    Instrumento na redução de desigualdades Sociais ou aproduçaõ de alto conhecimento?

    Não dá pra fazer tudo

  9. Para o Yonare Flavio Melo Barros

    1)

    Como os Portugueses podem reparar o Brasil por todo o ouro que nos roubaram?

    Como os Portugueses podem reparar os índigenas por todos os índios que mataram?

    Como os alemães podem reparar os Judeus por todos os Semitas que mataram?

    Como os EUA podem reparar os Japoneses por causa de Hiroshima e Nagasáki?

    Dando vaga em universidade? é isso?

    O que foi feito, está feito (infelizmente) e nada do que qualquer humano faça, irá reparar. Quem errou e merecia pagar já está morto….e quem merecia ser reparado, também.

    Não se pode reparar um erro cometendo outro. Como que eu posso garantir que estou reparando os males da escravidão e da discriminação aos negros dando subterfúgios para que pessoas preconceituosas apontem na cara deles e digam “você só entrou aqui por causa de cotas”?

    2)Nenhuma atrocidade justifica eu discriminar as pessoas. Se a escravidão foi disparado a maior atrocidade já cometida contra o ser humano, incomparável e totalmente necessitada de reparos, eu não acho razoável fazer isso (reparar o erro) gerando discriminação. Que, por sinal, foi o motivo chave para o inicio da escravidão: O negros eram discriminados pela sua cor de pele…

    Você é negro. Devido minha dívida com você, irei te gerar facilidades á ter um curso superior.

    Você é Branco. Não importa sua condição social, nem a nota que você tirou no vestibular, o Negro á seu lado é quem vai ter a vaga porque eu, governo (ou sociedade), tenho uma dívida com ele, então ele irá entrar e você, se quiser, tente de novo.

    Where is the sense? Posso ser o maior idiota do mundo, eu não vejo isso como uma coisa aceitável, normal ou justa.

    Sim, acho justo se fazer algo para melhorar a vida dos descendentes de escravos. Desde que, para isso, não se use o mesmo artifício que lascou com a vida deles mesmos: A discriminação para com outro grupo….
    Quer melhorar a vida dos negros em compensação por erros do passado?

    Melhore o saneamento básico das periferias, melhore as condições de estudo nas escolas das periferias, pois a maioria dos negros e pobres destes 70% estão lá…intensifique o combate á discriminação racial, etc.

    Nenhum Judeu se sentiria reparado pelo que seus antepassados sofreram em troca de vagas nas universidades Alemãs….e se eu fosse negro (e tenho muitos na minha família), também teria vergonha deste tipo de reparo por parte dos gênios brasileiros…

    3)Uma pergunta oportuna: As cotas/Bolsas Prouni nas Universidades já não seriam suficientes para corrigir tal “distorção histórica”? Se o cotista teve a mesma formação do não cotista, porque o acúmulo de benefícios?Pq cota no serviço público?No mercado de trabalho? Estágio?Procuradoria-Geral da República?Diplomacia?Escola da Magistratura?Programa Ciência Sem Fronteiras?Senado Federal?Câmara dos Deputados?etcetc.Pq este tratamento especial?

    4)Pq as ONGs(Educafro), Movimento Negro não utilizam de sua influência política para cobrar dos governantes melhoria nos índices educacionais, principalmente para benefício dos negros??Pq só atuam depois?

    5)Se os cotistas tem o mesmo desempenho dos não- cotistas(oque me parece improvável,salvo raras exceções),porque não lhes oferecer as condições para disputar as vagas na universidade,como cursinho pré-vestibulares,se os mesmos já demostraram ter aptidão e capacidade intelectual semelhante aos não beneficiados?Então, “para tudo” que o problema é o exame e não os alunos

    6)E os dados do desempenho dos alunos cotistas,pq não estão disponíveis nos portais da Universidades, e quando estão disponíveis ou usam como referência somente os dados defasados(úiltima atualização:2005

    http://www.vestibular.ufba.br/cotas.htm ), incompletos ou tendenciosos,ou ainda, metodologia duvidosa.
    Como é feito tratamento dos dados??Metodologia?

    O único relatório/estudo,além da Unicamp, q encontrei completo foi o da UFJF que demostrou diferença entre o desempenho dos cotistas e não cotistas.Seria interessante se o prof Yonare nos esclarecesse..

    7)Pq não considerar outro modelo de ação afirmativa,já que esse é tão polêmico?Pq cotas?Cota não é uma busca de mérito e reconhecimento.É uma reserva de mercado imposta, não conquistada.A Unicamp adota um modelo de ação afirmativa sem cotas,com recorte racial.Valoriza o mérito e o esforço do aluno de escola pública, do negro e do indígena.É baseado nos moldes do novo modelo de ação afirmativa americano e no mundo.Sem reserva de vaga,mas com vistas a pluralidade no ambiente acadêmico.Com o aumento dos egressos de escola pública, houve queda renda média familiar dos estudantes da Unicamp.Informações disponíveis no portal PAAIS da Unicamp.

    São perguntas de alguém se nenhuma pretensão político-partidária.Só queira entender melhor

  10. Prezado prof. Simon Schwartzman,

    A respeito das suas afirmações quanto à política de cotas para pessoas negras ingressarem nas universidades públicas, tenho a dizer que o bom desempenho dos estudantes negros nos cursos superiores, fato apontado no texto de sua autria e que até agora ninguém contestou, demonstra, entre outras evidências, o abismal descompasso entre a capacidade de ser aprovado no vestibular e a capacidade intelectual requerida para realizar um curso superior. Se há dificuldades em ser aprovado no vestibular e um bom desempenho na vida acadêmica podemos entender que o resultado do vestibular não reflete capacidade intelectual e prontidão cognitiva, e sim, apenas o domínio de um formato didático que não dialoga com a realidade e com a estrutura pedagógica do ensino superior. Testemunho isso cotidianamente, pois, na condição de docente no ensino superior tenho encontrado discentes das mais diversas matizes étnicas que, apesar de aprovados em vestibular demonstram imensa dificuldade, e em alguns casos incapacidade de acompanhar o ensino superior.

    Por outro lado, considero que é necessário enxergar esse bom desempenho dos alunos cotistas das universidades públicas como uma clara demonstração das suas capacidades intelectuais e sua prontidão cognitiva para cursar ensino superior, e, ainda uma demonstração inegável dos seus méritos que tem sido historicamente sufocados por conta da estrutura sócio-econômica do nosso país, baseada na exploração perversa da força de trabalho das classes populares. Para esses estudantes cotistas, e para os que mais virão, o acesso ao ensino superior representa uma oportunidade que a sociedade brasileiro deve para que estas pessoas desenvolvam suas capacidades.

    Não podemos esquecer nem omitir das nossas análises o fato de que as pessoas negras foram escravizadas e seus descendentes sofrem as seqüelas sociais da escravidão exatamente por terem a pele negra, o que justifica que essas pessoas sejam compensadas na mesma medida e com os mesmos parâmetros que foram , e em certa medida ainda são utilizadas para discriminá-las negativamente. Questão de justiça histórica.

    Quanto à possibilidade apontada de que os estudantes cotistas venham a ser discriminados no ambiente universitário, infelizmente marcado por um elitismo criminoso e despótico, entendo que a discriminação contra as pessoas negras já existe, a população brasileira já é historicamente dividida entre, cedendo privilégios às pessoas brancas e prejuízos às pessoas negra, e que essa discriminação no ambiente universitário apenas reflete essa discriminação que permeia os mais diversos nichos da sociedade brasileira ao longo da nossa História marcada por injustiças e crimes contra a humanidade.

    Em relação à afirmação de que parte dos estudantes universitários sofrem com a baixa qualidade da educação básica , é necessário lembrar que a maioria desse contingente exposto a uma formação inicial sofrível é formada por crianças, adolescentes e jovens negros. E quanto a permanência dos alunos cotistas nos cursos universitários e a perspectiva de que concluam esses cursos nos seus tempos regulamentares, entendo que o bom desempenho dos estudantes cotistas só é possível graças à participação efetiva e contínua desses nos cursos superiores, o que nega a perspectiva de que os alunos cotistas venham a abandonar a formação superior por incapacidade intelectual, visto que , conforme afirmado no texto de sua autoria, esse estudantes tem demonstrado bom desempenho acadêmico. A cota promove apenas o ingresso da pessoa negra no ensino superior, mas, o que garante a conclusão dos cursos é exatamente e soma das sua capacidade intelectual com seus esforços.

    Desconfio que grande parte dos que hoje se posicionam contra as cotas para pessoas negras também buscariam argumentos para igualmente se posicionarem contra cotas para pessoas pobres ingressarem no ensino superior público, vez que esse comportamento revela mais que uma preocupação de natureza sociológica,a intencionalidade classista de conservar o abismo social que alimenta o capitalismo com um exército de mão elementar e, conseqüentemente, barata.

    A exclusão social é incompatível com a existência e o funcionamento do Estado democrático de direito.

    1. Acho que concordamos quanto à importancia da ter políticas específicas de apoio a pessoas que nao tiveram oportunidades de ter uma educaçao na infancia, e que gostariam de continuar estudando e abrindo novas possibilidades, e tambem concordamos que os vestibulares, no formato atual, nao sao a melhor maneira de selecionar pessoas para o ensino superior. A úlitma frase certamente nao se aplica a mim, que estou há anos envolvido na luta pela melhoria da educaçao brasileira em todos os níveis e para todos. A unica discordancia, me parece, é que acredito que as politicas sociais devem ser orientadas para quem necessita, independentemente da cor de sua pele, o que nao parece ser sua opiniao.

  11. O que as universidades(UERJ) q adotam cotas tem a dizer??Como eles promovem o”milagre” de um cotista entrar sem somar e dividir e sair resolvendo séries de Fourier, Transformadas de Laplace??Essa do rendimento dos cotistas se sairem igual ou melhor é algo que merece análise.Se for verdade,o Brasil tem q apresentar esse “milagre” para os reitores das Universidades de ponta…./ironic

  12. Sobre o rendimento dos cotistas: O rendimento de cotistas é em média ligeiramente acima dos demais, mas isso não diz muito por que são amostras diferentes, diria que é no mínimo igual. O professor poderia nos esclarecer melhor..

  13. Precisamos de alguém como o professor Simom para se debruçar na análise do sistema de cotas.é um nevoeiro total.Pq essas comissões das Universidades…

  14. Dei uma olhada agora no site da UERJ na seção Vestibular 2012.-Pontuação Mínima e Máxima – Classificados.Nos cursos mais concorridos(Medicina,Engenharia Civil pex) o Desempenho dos q concorrem pela categoria negros/Indígenas é muitas vezes superior ou ligeiramente inferior ao dos q concorrem no sistema universal.E os estudantes de escola pública não havia uma discrepancia taaão gritante assim
    Creio q ha uma distorção no sistema(como em todo sistema de cota), pq o esperado era de q os cotistas tivessem um rendimento pífio em relação aototal..caso contrário, a reserva não faria sentido.Falta alguém se debruçar nos dados referentes ao sistema de cotas para nós entendermos melhor os resultados

    O análise do sistema de cotas para o curso de Medicina merece atenção.A seleção dos alunos nos cursos mais concorridos é “por cima” e nesses casos, não seria necessária a adoção do sistema de cotas,e sim de uma compensação como o bônus.Se a UERJ adotasse o sistema de bônus, nos moldes da Unicamp, obteria os mesmos resultados..sem toda essa polêmica

    http://www.vestibular.uerj.br/portal_vestibular_uerj/arquivos/arquivos2012/dados_estatisticos/ed/11-2012-PONTUA%C3%87%C3%83O-M%C3%8DNIMA-E-M%C3%81XIMA-CLASSIFICADOS-UERJ.pdf

  15. Caro Simon,

    Como leitor habitual deste espaço logo ao receber os e-mails, realmente não pude deixar de compartilhar com os meus dois fiéis leitores de meu blog, o seu texto acima.

    Realmente, educação é tudo.

    Grande abraço.

  16. Simon,

    Gosto e parabenizo sua coragem em expor as chagas de nossa educação. Hoje virou politicamente correto fortalecer algumas ações afirmativas que são negadas até pelos membros das ditas minorias. Fala culpada da elite que não põe a mão nem na massa nem na ferida! Concordo com sua afirmação de que, no ensino superior, desviaremos a discriminação entre ser negro ou branco para ser cotista ou não cotista. Eu como parte de uma minoria cultural fico imaginando se tivéssemos qualquer tipo de cotas para judeus. Imagine o que diriam de nós! (e existem muitos judeus pobres!)

    Em nossa experiência durante os 10 anos em uma pequena faculdade de educação o que constatamos é que o fato de fornecermos melhores condições de entrada para TODOS aqueles que são oriundos da escolas públicas atrai o perfil médio do estudante brasileiro: mais pobre, negro e com ensino pregresso mais fraco. No entanto, o que tem garantido quem se mantém nos estudos e vira o jogo ou acaba desistindo – nosso índice de evasão não chega a 5 % – é resultado de uma loteria: tipo de relação familiar, aspiração social, valorização familiar relativa ao papel do conhecimento, contexto de trabalho, etc.

    Mesmo nosso esforçado e persistente trabalho em cursos de nivelamento, aulas de reforço e tutoria individual não garante que todos acompanhem as aulas, havendo, ao longo destes anos, evasão exatamente daqueles cuja escolaridade pregressa é mais fraca e não construiu uma cultura associada ao trabalho e ao conhecimento.

    Nossa faculdade é multicolorida e o que faz das pessoas bons estudantes é o rigor científico com o qual selecionamos na entrada e garantimos que trabalhem para estarem melhor preparados na saída.

    Abraços,

  17. Como sempre o Brasil buscando atalhos para a solução de suas questões sociais. Ao invés de investir na educação básica, estarão gerando uma distorsão no acesso a Universidades públicas e conflitos raciais graves – tudo para manter um sistema que gera desigualdade.Qual será o impacto? Mínimo.Pífio!!!!!!!!O Ensino Superior público representa cerca 25% do total.Não virá do Ensino Público a grande contribuição para a redução da desigualdade. E os pobres(brancos, pretos,pardos e indígenas)vem tendo acesso crescente ao Ensino Superior…PRIVADO!!!.?Só não é maior devido aos gargalos do Ensino Médio.Mas ,pelo visto, nada disso será considerado.A cota não vai produzir uma demanda que simplesmente não existe

    Uma alternativa ao sistema de cotas é o sistema de bônus.Iguala as condições de competição entre alunos egressos de escola pública e privada, sem prejudicar os últimos.

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