A pergunta que eu mais ouço, e que aparece nas mensagens que recebo, depois da explosão de violência em São Paulo, é se o Brasil tem algum futuro, ou se as coisas vão continuar piorando cada vez mais. Eu prefiro pensar que tem futuro sim, mas que, no melhor dos casos, será um processo longo e difícil, e sujeito a recaídas. Já poderemos ficar contentes se a economia continuar estável e crescendo, ainda que pouco; se a violência cotidiana for se reduzindo, como vinha acontecendo em São Paulo e está acontecendo em cidades aonde existe uma política inteligente de segurança pública, como parece ocorrer em Belo Horizonte; e se a combinação de populismo e oportunismo não terminar por inviabilizar de vez o governo federal e muitos governos estaduais e locais, como já ocorreu, na prática, no Estado do Rio de Janeiro. Temos chance, mas também existe a possibilidade de que tudo dê para trás: as coisas sempre podem ficar piores do que a gente pensa.
É o máximo de otimismo que consigo ter no momento…
Acredito que as coletividades, assim como os indivíduos, tenham instinto de sobrevivência. Mas, isso não quer dizer que o aperfeiçoamento das instituições necessárias a vida social seja inevitável. Creio que devemos apostar em alguns vetores de mudança, tais como a política e burocratas renovados. Quanto aos políticos, resta saber quando teremos uma coligação capaz de oxigenar as instituições parlamentares, o executivo e repercutir com mudanças no judiciário. Não acredito que isso venha a ocorrer nos próximos quatro anos. Quanto aos burocratas, creio que sua capacidade de ação e melhoria da gestão depende não só dos atributos pessoais, mas de que os políticos não interfiram em demasia nas políticas publicas piorando os baixos níveis de racionalidade e eficiência.