A fábula dos burros de São Gonçalo

A adoção, pelo Município de São Gonçalo, do programa de alfabetização desenvolvido pelo Instituto Alfa Beto, liderado por João Batista de Oliveira, vem provocando uma série de reações agressivas por parte do Sindicato Estadual dos Professores de Educação do Rio de Janeiro. O ataque começou com uma nota “plantada” na coluna de Alcelmo Gois no O Globo (16/5/2007) dando a entender que os alunos estavam sendo forçados a dizer que eram burros (quando na realidade era uma brincadeira associada ao processo de aprendizagem), e continua com uma série de acusações e denúncias ao Ministério Público, por supostas irregularidades, conforme O Globo de hoje, 17/05/2007.

A acusação principal é que o método adotado utiliza o recurso da repetição, que os professores consideram “ultrapassado”, mas que, segundo João Batista, é essencial para a consolidação dos conhecimentos. Segundo a professora Maria Tereza Goudard Tavares, da Faculdade de Formação de Professores da UERJ, conforme a matéria do jornal, o problema é que “os professores são transformados em repetidores” (ou seja, devem trabalhar conforme um método sistemático e comprovado, e não de qualquer maneira), e que São Gonçalo tem outros problemas: “faltam recursos para laboratórios de informática e muitas escolas nem sequer têm quadras esportivas”, diz ela.

Os resultados de São Gonçalo na Prova Brasil, do Ministério da Educação, mostram que o desempenho dos alunos das escolas da cidade, educados até agora conforme as pedagogias mais “modernas”, está abaixo da média do Estado do Rio, que já é ruim quando comparado a outros Estados do Centro-Sul. Quem sabe que, com mais quadras esportivas e laboratórios de informática, a qualidade melhora?…

Author: Simon Schwartzman

Simon Schwartzman é sociólogo, falso mineiro e brasileiro. Vive no Rio de Janeiro

2 thoughts on “A fábula dos burros de São Gonçalo”

  1. Não tirei as palavras do contexto. O que a professora Maria Tereza disse, segundo o jornal, foi que haviam outras proridades mais importantes do que cuidar da alfabetizacao dos alunos, e citou nominalmente as quadras esportivas e os laboratórios de informática. Concordo plenamente que o professor é a peça chave da educação, e por isto mesmo não pode continuar a se formar “a si mesmo”, e precisa ser apoiado e ajudado em seu trabalho.

  2. “Quem sabe que, com mais quadras esportivas e laboratórios de informática, a qualidade melhora?… “

    Nada como retirar as palavras do seu contexto para justificar um vilânia. De tão comum qu está se tornando tecer críticas à escola pública pelo viés do professor, que todos esses críticos audazes terminam por esquecer de alguns detalhes, como por exemplo as suas (próprias) contradições.

    Todos querem um professor bem formado mas o estado não quer pagar por isso!

    Todos querem que os alunos sejam bem formados, em conformidade com o contexto imperial de hoje: computadores, vídeos, dvd, rádio, quadras esportivas, etc. Mas meus caros, quem forma esse professor multimidiático? O estado? Os senhores críticos? Não! O professor forma a si mesmo com seus grandiosíssimos ganhos.

    O professor é culpado de tudo. Isentemos o governo, as “elites” dirigentes do país nos últimos 50 anos e todos os demais agentes sociais descobridores das bondades de uma lamparina: iluminar nessa escuridão de idéias, conteúdos e práticas.

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